Centenas de moradores da cidade de Iguatu enfrentam fila durante a noite e madrugada no entorno da Caixa Econômica Federal de Iguatu para tentar recebimento do auxílio emergencial no valor de R$ 600.
“É preciso chegar à noite no dia anterior”, relatam os beneficiados. Na noite de quarta-feira (29), foi observada uma longa fila em frente à agência da Caixa Econômica Federal, na Praça Gonçalves de Carvalho.
Pessoas dormiram sentadas em calçadas, em frente às lojas, no entorno da agência bancária. Alguns chegaram às 18h. Outros vieram de municípios vizinhos e há mais de 10 dias tentam sacar o benefício, mas não conseguem e reclamam de erro do aplicativo disponível.
Apesar do medo de se contaminar com o coronavírus, a maioria afirmou que não pode ficar em casa sem emprego e sem dinheiro.
Cícero Fernandes, de 55 anos, foi o primeiro da fila. Ele chegou às 18h e alegou que o cartão dele está bloqueado. Com um salário mínimo sustenta esposa, duas filhas e duas netas. “Esse benefício é uma ajuda e estou na fila porque minha mulher tem problema de saúde e não pode vir. Espero conseguir resolver”, contou.
Francisca Gomes, 46, tem quatro filhos, mora no Bairro João Paulo II e é outra que enfrenta a longa fila. Ela teme que a situação fique mais difícil diante da falta de trabalho e renda. “No momento é a única ajuda que temos e a gente está aqui tentando”, disse. “Vamos ficar aqui na fé, não tenho bolsa família e preciso desse dinheiro pagar conta de água e luz, comprar alguma coisa para comer”
José Bezerra Honorato, de 40 anos, morador do sítio Caldeirões, em Jucás, tenta há 15 dias fazer o saque do benefício. “O dinheiro está na conta, mas não dá certo sacar. O jeito é vir atrás, e se não der certo hoje, vou voltar de novo”.
Jaeferson Paulino é outro que também estava na fila. “A gente traz café, lençol para passar o frio e aguentar passar a noite”, disse. “O único meio que tem é esse e quem tá lá em cima do poder, não pensa em quem está aqui em baixo. Só Deus para tirar a gente de uma situação dessa”.
Preocupação
O padre João Batista Moreira, da Paróquia do Padro, em Iguatu, disse temer a ocorrência de uma “tragédia” em Iguatu e em outras cidades por causa da aglomeração de pessoas nos arredores da Caixa Econômica Federal. “Só há uma agência e isso faz com que as pessoas necessitadas busquem a verba emergencial e ficam de forma aglomerada”, frisou. “Isso é uma atitude imprudente, a Caixa precisa mudar essa forma de atendimento, criando cartões de débito, distribuir senhas, descentralizar o atendimento”.
O esforço da Prefeitura de Iguatu foi destacado pelo padre João Batista, ao manter agentes para o distanciamento entre as pessoas, distribuição de máscaras e instalação de barreiras sanitárias. “Meu temor é que tudo isso vá de água abaixo, mas ainda há tempo para a Caixa Econômica fazer alguma coisa e evitar uma tragédia”.
O secretário de Meio Ambiente, Marcos Ageu Medeiros, disse que na manhã desta quinta-feira havia quase 800 pessoas na fila em frente à Caixa Econômica Federal. “Criamos duas filas – uma para atendimento presencial, na parte interna; e outra para os caixas eletrônicos, tudo marcado com distanciamento, além de uma tenda para atendimento prioritário – idosos e mulheres amamentando”, explicou.
Com informações do Diário do Nordeste.