Diversos vírus causadores de infecções respiratórias já circulavam entre a população cearense, mas foi a pandemia do novo coronavírus que reacendeu a constatação: uma boa higiene pessoal é capaz de frear a potência da transmissão. De acordo com pesquisa inédita do Sistema Verdes Mares, em parceria com o Instituto Opnus, 90% dos cearenses mudaram hábitos de limpeza e de etiqueta social após as recomendações de autoridades sanitárias. Afinal, o vírus é considerado um problema grave para 96% da população do Estado.
Conforme a pesquisa, 73% dos cearenses se declaram "muito preocupados" com a infecção, e outros 20%, "um pouco" preocupados. Apenas 7% disseram não ter nenhuma preocupação. As mulheres (80%) são mais receosas que os homens (64%), assim como o Interior do Estado (77%) em relação a Fortaleza (69%). Além disso, 35% da população com mais de 60 anos, apesar de ser considerada grupo de risco, declararam estar "um pouco" (22%) ou "nada preocupada" (12%).
Reduzir a tão falada curva de disseminação da Covid-19 se tornou imperativo para aliviar a pressão sobre o sistema de atendimento num curto período de tempo. Em todo o Ceará, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) confirmou, desde o dia 15 de março, 359 infecções pelo novo coronavírus em 11 cidades cearenses. Cinco idosos já morreram em decorrência de formas graves da doença.
Para evitar a complicação do cenário, conforme a pesquisa, 98% dos entrevistados estão lavando as mãos com mais frequência ou higienizando-as com álcool em gel. Além disso, 96% saem de casa apenas em caso de necessidade e permanece em isolamento social - uma medida de prevenção aprovada por 97% da população. Nos cuidados pessoais, 89% disseram evitar tocar áreas do rosto, principalmente olhos e boca.
No Bairro Vila Velha, a esteticista Laiana Maria passou a aplicar, no dia a dia, os protocolos da atividade profissional, onde costuma ter muito contato com clientes. "Em casa, era mais o hábito de lavar as mãos antes de comer, mas não era tão rigoroso como tá sendo hoje. Também tenho mais cuidado ao fazer compras. Quando trago, faço a higienização. Não era muito adepta do álcool em gel, e hoje passei a usar mais", conta ela, que faz as mesmas recomendações à mãe, de 65 anos, e aos amigos, nas redes sociais.
Reaprender
Para a enfermeira e mestra em Saúde Coletiva, Manuela Martin, "nesse início de 2020, tivemos que reaprender hábitos básicos", como o de lavar as mãos. Elas são um "trem" capaz de transportar milhões de bactérias, vírus e coliformes fecais, potenciais causadores de doenças respiratórias, gastrointestinais e de pele. "Por isso é importante não dividir material individual, como copos e talheres. Se possível, leve seu copo para o trabalho, porque também ajuda a não desperdiçar tanto plástico no ambiente", ressalta.
Se a higienização das mãos não for aliada à recomendação de evitar aglomerações, "o número de casos tende a triplicar pela capacidade de proliferação do vírus", alerta Martin. Como o contágio também se dá por gotículas, é essencial adotar a limpeza de carros - em especial, volante e caixa de marcha - e celulares. Anéis, pulseiras e brincos também devem ser evitados porque o vírus tem cerca de 48 horas de sobrevida nessas superfícies. "A pessoa diz que vai desinfectar, mas pode esquecer, e o momento não é de deslizes. Na dúvida, não usa", declara.
Com informações do Diário do Nordeste.