
Em breve você conhecerá Cidinha. Ela é uma menina esperta que, de repente, se vê obrigada a cruzar a Caatinga para encontrar a casa da avó. No caminho, encontra dois amigos improváveis: um casal de irmãos soins, com os quais vive uma série de aventuras. É a trama de “Um Natal no Sertão”, filme com DNA genuinamente cearense.
Com previsão de lançamento no próximo ano, o longa-metragem se encontra em fase de desenvolvimento e promete muita diversão e conhecimento ao público. Um dos maiores atributos da obra está nos detalhes. O principal é o fato de ser produzido em Meruoca, pequeno município do interior cearense, e no formato de animação em 2D.Foto: Daniel Maycon e Augusto César
A escolha por essa linguagem se deu por vários motivos. Primeiro, para movimentar uma cadeia produtiva interiorana que necessita de fomento. “O Ceará possui diversos profissionais da animação que acabam tendo que migrar para outras atividades devido a longos períodos sem produção”, explica Augusto César dos Santos, roteirista e diretor do filme.
Segundo, por estética. A margem criativa para animação permite à equipe certas liberdades com outro nível de complexidade em live action – sobretudo porque a narrativa conta com diversos personagens não-humanos.
Decidir pela animação também diz respeito à distribuição, uma vez necessitar de mais obras cearenses nesse formato, contando histórias sob nosso ponto de vista, mas com o cuidado de não reforçar estereótipos.
“A temática do Nordeste, especialmente da Caatinga, sempre nos interessou e, com efeito, a produtora já esteve envolvida em diversos projetos que permeiam esse universo”, diz Augusto, referenciando a Narrativa Entretenimento, do qual é diretor. Para ele, a riqueza nordestina está presente em tudo na obra, nas menores e maiores coisas.
Cidinha, por exemplo, com apenas oito anos, atravessa as paisagens ao lado do jumentinho Lulu e dos amigos saguis, Lucy e Rone. A menina é expert na brincadeira do pião, e Lucy e Rone compreendem profundamente a vida no seio da Caatinga – este último, por sinal, revelando uma crítica social muito forte.
Há espaço também para a culinária, por meio dos doces que vovó Tereza produz para o Natal; e na própria construção imagética do Papai Noel, criado por Conceição, irmã de Cidinha.
“Trazer esses temas para o centro da trama é bastante relevante para a referência do lugar, afinal é um filme produzido por cearenses, com vozes, técnicas e compreensões de mundo a partir do nosso ponto de vista”.
Com informações do Diário do Nordeste.