quarta-feira, 7 de maio de 2025

Quase 700 mil domicílios ainda usam lenha ou carvão no Ceará

Foto Arquivo Pessoal
Nos fundos de uma casinha branca, localizada em uma viela do bairro Granja Portugal, em Fortaleza, a cearense Elenilza Ambrósio da Costa, de 51 anos, preparava um quilo de feijão doado, cozinhando-o sobre tijolos e lenha. 

O vapor quente atingia seu rosto de expressão cansada, agravando um problema de saúde não tratado por falta de recursos — uma condição que comprometeu boa parte de sua visão.

"É muita fumaça. Vivo com os dedos queimados porque não enxergo direito, e estou ficando cega", relatou, enquanto mostrava as mãos cobertas de fuligem.

O drama por ela vivido é um retrato da pobreza energética no Ceará, onde 698 mil domicílios utilizam lenha ou carvão como principal fonte de energia para o preparo dos alimentos, segundo dados de 2023 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Conforme a pesquisa 'Pobreza Energética no Brasil', realizada pela plataforma Transição Justa em parceria com a Agenda Pública, a vulnerabilidade econômica é o principal motivo pelo qual pessoas de baixa renda recorrem a essas alternativas como fonte de energia.

Isso acontece porque a lenha é mais acessível, como no caso da dona Elenilza. A cearense vive com o marido, de 61 anos, e a mãe, de 84 anos, que está acamada e é cega, em uma casa alugada onde o único eletrodoméstico é uma geladeira velha.

Sem recursos para adquirir itens básicos, a família não possui fogão, gás, televisão ou celular. Conta apenas com alguns móveis antigos, uma rede e utensílios de cozinha.

O companheiro trabalha como catador, saindo diariamente em busca de comida e materiais recicláveis para garantir alguma renda, enquanto ela se dedica aos cuidados da mãe.

A renda, portanto, é insuficiente até para as refeições básicas. “Tem dia que não almoçamos. Quando temos, é um arrozinho, um feijão, um ovo”, contou.

Pessoas em situação de pobreza energética enfrentam dificuldades para acessar serviços de energia adequados, como eletricidade ou combustíveis para aquecer a casa e cozinhar, devido à falta de recursos financeiros ou infraestrutura.

Assim como Elenilza, milhões de pessoas vivem em situação de pobreza energética no Brasil — uma condição marcada pela dificuldade de acessar serviços de energia adequados, como eletricidade ou combustíveis para aquecer a casa e cozinhar, devido à falta de recursos financeiros ou de infraestrutura.

Com informações do Diário do Nordeste