![]() |
Foto Arquivo Pessoal |
Nos fundos de uma casinha branca, localizada em uma viela do bairro Granja Portugal, em Fortaleza, a cearense Elenilza Ambrósio da Costa, de 51 anos, preparava um quilo de feijão doado, cozinhando-o sobre tijolos e lenha.
O vapor quente atingia seu rosto de expressão cansada, agravando um problema de saúde não tratado por falta de recursos — uma condição que comprometeu boa parte de sua visão.
"É muita fumaça. Vivo com os dedos queimados porque não enxergo direito, e estou ficando cega", relatou, enquanto mostrava as mãos cobertas de fuligem.
O drama por ela vivido é um retrato da pobreza energética no Ceará, onde 698 mil domicílios utilizam lenha ou carvão como principal fonte de energia para o preparo dos alimentos, segundo dados de 2023 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Conforme a pesquisa 'Pobreza Energética no Brasil', realizada pela plataforma Transição Justa em parceria com a Agenda Pública, a vulnerabilidade econômica é o principal motivo pelo qual pessoas de baixa renda recorrem a essas alternativas como fonte de energia.
Isso acontece porque a lenha é mais acessível, como no caso da dona Elenilza. A cearense vive com o marido, de 61 anos, e a mãe, de 84 anos, que está acamada e é cega, em uma casa alugada onde o único eletrodoméstico é uma geladeira velha.
Sem recursos para adquirir itens básicos, a família não possui fogão, gás, televisão ou celular. Conta apenas com alguns móveis antigos, uma rede e utensílios de cozinha.
O companheiro trabalha como catador, saindo diariamente em busca de comida e materiais recicláveis para garantir alguma renda, enquanto ela se dedica aos cuidados da mãe.
A renda, portanto, é insuficiente até para as refeições básicas. “Tem dia que não almoçamos. Quando temos, é um arrozinho, um feijão, um ovo”, contou.
Pessoas em situação de pobreza energética enfrentam dificuldades para acessar serviços de energia adequados, como eletricidade ou combustíveis para aquecer a casa e cozinhar, devido à falta de recursos financeiros ou infraestrutura.
Assim como Elenilza, milhões de pessoas vivem em situação de pobreza energética no Brasil — uma condição marcada pela dificuldade de acessar serviços de energia adequados, como eletricidade ou combustíveis para aquecer a casa e cozinhar, devido à falta de recursos financeiros ou de infraestrutura.
Com informações do Diário do Nordeste