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Foto Ismael Soares |
Segundo maior açude do Ceará, o Orós está localizado nos territórios de três municípios cearenses — Orós, Quixelô e Iguatu —, mas o impacto dele ultrapassa fronteiras.
As águas do reservatório, que chegou à capacidade máxima e sangrou na noite do último 26 de abril, chegam às sedes de Icó, Pereiro, Jaguaretama e Jaguaribe, podendo alcançar até a Região Metropolitana de Fortaleza ao alimentar o Castanhão. Pelo caminho, abastece distritos, comunidades ribeirinhas e agricultores familiares.
“Quem conheceu a cidade de Icó até os anos 1970 e viu em 2000 percebeu a diferença, a importância do perímetro irrigado [Icó-Lima Campos] para a produção de leite, frutas, arroz, para trabalho, renda e imposto para o município”, conta Erivan Anastácio, técnico do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).
A estimativa é de que cerca de 70 mil pessoas sejam beneficiadas diretamente pelo Orós nos municípios próximos. “Digamos que esses litros ainda cheguem em Fortaleza, aí vai para milhares [de pessoas]”, complementa Welliton de Souza Ferreira, gerente regional da Bacia do Alto Jaguaribe. Além do consumo humano, a principal finalidade da barragem, essa água também é usada para dessedentação (consumo) animal e irrigação.
Para onde vai a água do Orós
Existem três hidrossistemas que são abastecidos pelo açude Orós. Um deles é um túnel construído em 1962 que alimenta o açude Lima Campos, em Icó, e abastece esse município e o perímetro irrigado Icó-Lima Campos. “Em tempos de normalidade hídrica”, conforme a Secretaria dos Recursos Hídricos do Estado, a transposição ocorre por gravidade.
Do Orós, a água também é liberada para o riacho Feiticeiro, no município de Jaguaribe, por meio de uma adutora com cerca de 18 km de extensão. Notícias da época da inauguração do sistema, em 2011, apontam que aproximadamente 20 mil pessoas seriam beneficiadas com a obra, além de o recurso ser utilizado para a agropecuária na região.
Além disso, a água do açude é liberada para perenizar trecho do rio Jaguaribe em mais de 100 quilômetros por meio de uma válvula dispersora de 1,5 m de diâmetro. Quando a água jorra do equipamento, ela oferece um espetáculo à parte para quem visita o Orós ao formar o chamado “véu de noiva”.
Construída na década de 1980, a válvula também ajuda a manter a qualidade, uma vez que ela libera a água que está no fundo do açude. “Então, é interessante liberar constantemente para ter uma qualidade melhor da água, ter uma revitalização, tirar resíduos que acabam gerando macrófitas. Enfim, gera uma série de consequências, futuramente, no reservatório se deixar essa água parada pelo fundo”, explica Welinton de Souza Ferreira.
A própria sangria do açude também ajuda nessa manutenção da qualidade, segundo explica Erivan Anastácio. “É importante para todo reservatório. Quando ele sangra, sai a água pesada. No caso do açude Orós, são 22 municípios que, em sua maioria, não têm saneamento. Quando ele sangra, parte desse material desce e a qualidade da água melhora, o que é importante para todos nós, devido à saúde”, explica o técnico do Dnocs.
Com informações do Diário do Nordeste.