terça-feira, 22 de abril de 2025

Renata Saldanha e o orgulho de ser cearense

Foto TV Globo / Divulgação
Pela primeira vez na história do Big Brother Brasil, uma cearense tem a chance de ser a grande vencedora do programa. Renata Saldanha disputa o prêmio final e como bom bairrista que sou, é claro, torço por sua vitória. Contudo, quero citar aqui detalhes da participante que só alguém com um olhar cearense consegue enxergar com orgulho. 

Renata é de Fortaleza, cria do Barroso, um dos territórios mais precarizados da cidade, criada apenas pela mãe, Dona Eulália. Uma realidade muito comum no país, muito complexa, cheia de privações e estigmas. Talvez o restante do país não imagine o quão poderoso é para nós assisti-la, mas ver a nossa bailarina mostrando de onde veio em rede nacional é muito importante.

Aos oito anos, Renata entrou para a Edisca, uma escola de dança voltada para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Talvez o Brasil nunca tenha ouvido falar e, mais uma vez, não imagine o que isso significa, mas a Edisca é um dos projetos mais importantes da cidade, que vem transformando a vida de inúmeros meninos e meninas através da arte ao longo de mais de 30 anos.

Inclusive, foi na Edisca que Renata conheceu Eva, sua dupla no programa. Durante toda sua trajetória, as cearenses fizeram questão de enaltecer a dança como um caminho possível, tratando a profissão de artista e de professora com muita seriedade e responsabilidade. Precisamos mesmo de quem levante a bandeira do fazer artístico e mostre ao Brasil como o Ceará é uma terra de talentos brilhantes.

No BBB, Renata não escondeu sua personalidade e nem seu jeito de falar. Tem sotaque carregado, tem gíria, é Fortaleza na ponta da língua. A molecagem cearense unida a uma boa gaitada, estridente, de se ouvir longe. Inúmeras pessoas a criticaram por isso, outras tantas resolveram destilar ódio e xenofobia. Nada de novo, mas sinto muito que outros lugares do Brasil não entendam o nosso falar anasalado, a nossa arte de achar graça em tudo, mas existe, é nosso, e como é bom!

Daqui, a gente foi se identificando, vendo nossas amigas e primas no jeitinho peculiar da bailarina, assim mesmo, como alguém de casa. A gente foi gostando, torcendo, se reconhecendo e criando uma torcida bonita e potente. E eu sei que não foi só em terras alencarinas. Renata já ganhou o Brasil e isso é grande demais. Já estamos todos com nosso delineador cruzando a caixa craniana para celebrar o que vier.

Com informações do Diário do Nordeste.