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Foto Kid Junior |
Ter o próprio negócio exigiu da empresária Mara Rabelo muitas competências, dentre elas uma boa habilidade com quebra-cabeças ou Tetris (jogo eletrônico para encaixar peças).
A boa comunicação e força de vontade ela já tinha, com uma pitada de necessidade, já que a decisão de empreender veio após uma demissão inesperada quando a empreendedora tinha há poucos meses ganhado sua primeira filha.
A habilidade de otimizar espaços não era totalmente alheia à vivência de Mara antes do empreendedorismo. Ela já tinha trabalhado em uma loja de calçados e foi dessa experiência que soube extrair muito.
Só não tinha ainda precisado usar ao máximo um espaço tão pequeno para guardar mercadorias. “Eu morava em uma casa de 47 metros quadrados. Não tinha onde guardar mercadoria, então usei o banheiro social. Interditei pia, vaso, a gente já quase não usava mesmo”.
O banheiro é parte da história que começou com a perda de um emprego e a decisão de empreender em fevereiro de 2020. Na época, a pandemia já era uma realidade no mundo e, no Brasil, começava a dar seus primeiros sinais de chegada, mas ainda não se tinha muita ideia do que estava por vir. No mês seguinte, o governo estadual anunciaria o primeiro lockdown.
Mara, que havia atuado por 10 anos em uma loja de calçados, estava sem trabalho com uma filha de menos de um ano antes mesmo de a pandemia chegar ao Ceará. “Eu pensei: ‘minha filha vai morrer de fome? O que eu vou fazer agora?’ Fiquei desesperada”.
Nem havia passado pela sua cabeça ter o próprio negócio. Até que, ao se despedir dos clientes que ela atendia, um deles disse que “era hora de Mara trabalhar para si mesma”. Esse cliente, dono de uma fábrica de sandálias rasteiras, falou para Mara pensar na ideia. E escolher um nome para a nova marca.
Estoque com 150 pares
Mas tinha um problema: Mara estava não apenas desempregada, mas também sem economias, pois havia gastado boa parte com as despesas que vieram com a gestação e a maternidade. O cliente e amigo, sabendo da situação, forneceu a ela 150 pares e acreditou na habilidade de Mara. “Minha primeira mercadoria chegou dia 6 de março de 2020. Poucos dias depois, veio a pandemia e fechou tudo”.
Mesmo com medo e a pandemia, Mara vendeu todos os pares. No isolamento, o consumo surpreendeu. E Mara, que recebia a mercadoria dos fornecedores e guardava em casa, precisou, como ela lembra aos risos, usar o banheiro e outros cômodos da casa como estoque. “Aquele ali era o espaço que a gente tinha. Conseguimos encaixar ali no banheiro 150 pares”.
As vendas cresciam e o banheiro já não era o suficiente para guardar tanto calçado. Mara e o esposo se mudaram para o quarto da filha, em nome do sonho de ver a marca Samarella, nome que nasceu da junção “sandália” e “amarela”, crescer.
Com informações do Diário do Nordeste.