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Bastou Renata Saldanha e Eva Pacheco cruzarem o portão do Big Brother Brasil 25 para um jeito todo próprio de falar ganhar o país. “O povo quebrando o pau”, “o pau comendo”, “siem” e “bicha”, além da clássica vaia cearense, arrancam risadas e dizem muito sobre o lugar de origem da dupla de bailarinas. É o sotaque de Fortaleza na rota nacional de audiência.
Não importa se em conversas informais ou durante momentos mais decisivos do programa. A linguagem das duas tem movimentado a internet e comprovado a força cultural da capital do Ceará, repleta de gírias, aglutinações e entonações específicas. Mas, afinal, como nasceu o sotaque fortalezense? Que influências recebeu para chegar ao atual estágio de oralidade?
O Verso conversou com especialistas no assunto e situa curiosidades interessantes. Em primeiro lugar, a pronúncia da cidade em geral é referida como “fala cantada”, mas tem especificidades que diferem da fala de outras regiões do Ceará, a exemplo do Cariri, e de municípios que fazem divisa com Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
“Neste último caso, é comum a população incorporar traços da fala desses outros Estados, como o ‘t’ e o ‘d’ mais dentais – quando falamos ‘tia’ ou ‘dia’, por exemplo. Essas consoantes são palatais na fala de Fortaleza. Outra característica são as vogais, que tendem a ser mais abertas, como em ‘cooperar’”, explica Maria Elias Soares, professora do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Ceará.
Segundo ela – autora do livro “A linguagem falada em Fortaleza: diálogos entre informantes e documentadores” – a fala da Capital recebeu influências indígenas, africanas e portuguesas ao longo da história da cidade. Contudo, reitera, é diferente em muitos aspectos da fala de outras cidades do Nordeste e mesmo do Ceará.
Até nos próprios bairros da cidade a variação linguística é sentida. Isso pode ocorrer devido à heterogeneidade da língua e deve ser analisado conforme os tipos de variantes linguísticas: diatópicas (geográficas), diacrônicas (históricas), diastráticas (grupos sociais) e diafásicas (formal x informal). Para ilustrar, um bom exemplo é comparar os diferentes estratos populacionais habitantes dos bairros da Capital.
Com informações do Diário do Nordeste.