quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Família cearense que foi morar nas Filipinas após pai conseguir emprego em plataforma é repatriada

Foto Reprodução / MPCE
O retorno para o lugar de origem foi cheio de emoção para uma família cearense repatriada das Filipinas pelo governo brasileiro no início do mês. 

Em uma sala no saguão do Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, os cinco integrantes do grupo familiar reencontraram parentes que não viam há anos. 

“Não tenho adjetivos para descrever meu êxtase. É incrível como a gente procura a felicidade tão longe e valoriza as pequenas coisas quando volta a tê-las”, afirmou um dos integrantes à Secretaria dos Direitos Humanos do Ceará (Sedih), quando da chegada ao terminal aéreo.

A saga dos brasileiros teve início em junho de 2023, quando o pai se mudou para o país asiático, atraído por um emprego em uma empresa que gerenciava uma plataforma de jogos online — no mesmo modelo de negócio das chamadas “bets”. Após se estabelecer no exterior, ele levou a esposa, os dois filhos e a sogra.

Admirador da cultura asiática, o chefe de família soube da vaga de emprego após contatar uma criadora de conteúdos que, além de produzir vídeos sobre a vida de brasileiros em Manila, capital filipina, recrutava compatriotas para trabalhar fora. Empregado num setor de atendimento a clientes e recebendo um valor que, convertido, se aproxima dos R$ 10 mil, ele passou a viver no país.

Em julho de 2024, o presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Júnior, ordenou o fechamento de todos os cassinos online que funcionavam no país. A justificativa para a medida foi a ligação das empresas com o tráfico humano, trabalho análogo à escravidão, golpes e com o crime organizado chinês. A decisão atingiu em cheio o núcleo familiar cearense.

Pelo decreto presidencial, as plataformas de jogos de azar online deveriam encerrar suas atividades no país em 15 de novembro do ano passado. E, com isso, os estrangeiros que trabalhavam nesses negócios deveriam deixar o território filipino até o último dia de 2024.

“Muitas empresas saíram no último dia, e muitos funcionários também, mas uma grande parte deles não conseguiu. Eu fui um dos que não conseguiu”, contou o pai ao Ministério Público do Ceará (MPCE), órgão que atuou solicitando a adoção de medidas cabíveis pelo Governo Federal.

O visto de trabalho do cearense foi revogado imediatamente com a decisão. Entretanto, a situação dele era pior, porque ele havia sido demitido em junho, pouco antes do governante filipino baixar a determinação. Denúncias de que brasileiros estavam trabalhando em situação análoga à escravidão no Laos, na mesma região da Ásia em que ele estava, fizeram com que houvesse uma demissão em massa das pessoas nascidas no Brasil.

Sem recursos financeiros para se manter, o chefe da família recorreu às redes sociais e, em outubro, publicou um vídeo pedindo ajuda. “A ideia era fazer com que o vídeo viralizasse e chegasse a alguma autoridade brasileira ou a algum influencer que se sensibilizasse e pagasse as nossas passagens”, recordou.

Com informações do Diário do Nordeste.