quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Circulação de febre oropouche continua no Ceará e no Brasil e preocupa órgãos de saúde

Foto Divulgação/Sesa
A cada início de ano, a transmissão de doenças sazonais e típicas de período chuvoso no Ceará, como a dengue, já é esperada. Em 2025, porém, outra arbovirose deve ser monitorada de perto pelas autoridades de saúde locais: a febre oropouche.

O primeiro caso da doença no Ceará foi confirmado em junho do ano passado e, até dezembro, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) confirmou 254 infecções e um óbito fetal, todos concentrados no Maciço de Baturité. Neste ano, a Pasta vai monitorar regiões serranas, como Cariri, Ibiapaba e Meruoca, para rastrear possíveis casos.

No Brasil, foram 11.695 casos em 2024, com disseminação crescente e constante em alguns estados, como o Espírito Santo – o que serviu de alerta para o Ministério da Saúde, motivando a publicação de nota técnica orientando sobre a vigilância dos casos no País.

Em entrevista ao Diário do Nordeste, nesta última terça-feira (7), o secretário executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, Antonio Silva Lima Neto, reconheceu que “é uma doença que preocupa” e que deve ter “uma vigilância muito atenta” em algumas regiões do Estado.

“No final do ano, se percebeu que a transmissão tem se mantido em alguns locais, tem mostrado força, mais do que o que a gente imaginava. Ou seja, tem a sazonalidade, mas em alguns locais tem se expandido para outros períodos”, pontua.

Tanta explica que há uma “transmissão residual”: não há um surto vigente de oropouche, mas ainda existe circulação do vírus em populações suscetíveis. “Vamos então monitorar áreas novas de potencial transmissão, como o Cariri, a Meruoca e a Serra da Ibiapaba, que têm circunstâncias parecidas e a presença do maruim”.

Outro fator que exige monitoramento constante dos casos são as “complicações que podem estar associadas” à oropouche, sobretudo para grupos de risco, como as gestantes.

No Ceará, em julho passado, uma mulher de 40 anos, grávida de 31 semanas, perdeu o bebê após contrair o OROV. Em novembro, após conclusão da investigação laboratorial e discussão do caso entre Sesa e Ministério da Saúde, foi confirmada a relação entre a oropouche e o óbito fetal.

“Um dos grandes desafios, caso haja uma transmissão importante de oropouche no Ceará e no Brasil, é a capacidade de oferecer uma proteção maior para os grupos de risco para complicações, casos mais severos e que têm se apresentado com problemas neurológicos”, destaca Tanta.

O epidemiologista pontua, por outro lado, que “a transmissão, muito provavelmente, não ocorrerá em áreas que tiveram surto em 2024, porque a imunidade que é conferida é aparentemente duradoura”.

Com informações do Diário do Nordeste.