Foto Jornal A Praça |
Francisco Roniery Alves de Olinda, 39, é responsável por sua própria casa e dirige seu próprio orçamento mensal. Para pagar seus boletos e colocar comida na mesa, trabalha diariamente e tem orgulho disso. Foi ele quem a reportagem encontrou no bairro 7 de setembro, em pleno domingo, vasculhando depósitos de lixo à procura de materiais recicláveis.
Roniery foi acometido de paralisia cerebral, gerando o comprometimento das pernas e braços, isso aos seis meses de vida, ainda na fase de gestação. Do nascimento para cá, mesmo com as limitações para se deslocar e falta de firmeza nos membros inferiores, ele nunca desistiu. Considere-se que por causa da deficiência só conseguiu caminhar quando tinha seis anos. Isso tornou seus dias na infância muito desafiadores, levando em consideração as limitações, obstáculos e talvez o maior de todos, o preconceito.
Apesar de tudo ele tenta levar uma vida normal: sair, trabalhar, viajar e tocar seu instrumento preferido: clarinete. Apaixonado por música, Roniery usa seu dom para louvar a Deus.
Ele é um dos membros da orquestra de músicos da igreja Congregação Cristã do Brasil e toca na orquestra, às terças, sábados e domingos. Roniery também toca como convidado em outras igrejas do bairro. “Me sinto conectado com Deus quando toco acompanhando os louvores da igreja”, frisou.
Por causa da deficiência e buscando mais qualidade de vida Roniery já fez várias cirurgias de alongamento de tendões. “Da minha cintura para baixo tem mais de dez cortes cirúrgicos”, afirmou. Mesmo assim ainda são grandes e desafiadoras suas necessidades de mobilidade, quando precisa subir calçadas, atravessar ruas, e não ter acesso a transporte público. Na cidade onde nasceu e onde vive, não há equipamentos adaptados para atender suas necessidades, principalmente em relação a calçadas, passeio público e sinalização que atenda às necessidades.
Pelo fato de ter deficiência nas pernas e braços ele tem movimentos mais curtos e lentos e precisa calcular cada movimento e deslocamento para evitar os acidentes, já que quando está na rua catando recicláveis, não está sozinho, leva com ele seu carrinho que pesa 200 kg para transportar os materiais.
Com muito esforço e dedicação Roniery conseguiu concluir o ensino médio. O sonho da graduação num curso superior, por enquanto está adormecido, mas ele não descarta um dia ainda concretizar.
Rotina
Sua rotina se resume a jornadas exaustivas debaixo de sol causticante, para juntar papelão, metal, alumínio, vidro, plástico e pets, material que ele armazena e vende. O dinheiro vai para o orçamento de casa.
Casado com Maria das Dores Vieira Moreira, sua companheira de jornadas, Roniery encontra no lar seu aconchego e descanso. É para casa aonde ele volta para reencontrar a companheira de quatro anos de relacionamento, principalmente agora na fase de completa felicidade que a família está vivendo com a chegada do primeiro filho.
Com informações do Jornal A Praça.