quinta-feira, 9 de maio de 2024

Cearenses vítimas de enchentes no Rio Grande do Sul descrevem cenário após chuvas

Foto Handout / Sedac / AFP
As imagens de devastação que retratam o Rio Grande do Sul têm levado perplexidade ao Brasil e ao mundo. Uma tragédia que transcende qualquer fronteira. Entre as vítimas, aliás, não há apenas gaúchos: cearenses que vivem na região também relatam perdas sem precedentes.

Sob um teto emprestado e com recursos limitados para sustentar a esposa e os dois filhos. Em resumo, essa é a situação do cearense José Moésio de Castro, 47, que há 9 anos saiu de Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza, para viver em Porto Alegre.

A renda da família vinha de uma pequena loja que mantinham na capital gaúcha – que, assim como a casa deles, foi totalmente tomada pelas águas. “Perdemos tudo. Minha esposa está mal, não pode nem ver água na frente dela”, lamenta Moésio.

Na tarde dessa quarta-feira (8), ele buscou um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) da cidade de Torres (RS) para pedir ajuda. “É triste a nossa situação. Estamos no sítio de um conhecido, não sei até quando, porque vai começar a chover. Pra casa não vamos voltar tão cedo. Perdemos tudo”, repete, como numa tentativa de acreditar.

Estamos apavorados, sem ter pra onde ir. Temos pouco dinheiro, queria muito ir embora, mas não dá. Eu tava sem tomar banho desde sexta-feira. A gente tá sofrendo bastante, não sei como vai ficar a situação. Está caótica.José Moésio de Castro

O cearense diz que já não existe água para vender na cidade, e os itens que restam estão com preços elevados. “Só tem água com gás, não tem ovos, tá faltando tudo. Minha esposa está em choque. Parece cenário de guerra.”

Moésio tem pedido ajuda a conhecidos – e desconhecidos –, e pediu que esta reportagem informasse a chave PIX dele, para o caso de alguém se interessar em ajudar: 286.147.508-03.

“Quando baixar tudo isso aqui, toda essa água, vai ser horrível. Vai ser triste. Quero ir embora pra minha terra, pro Ceará.”

IDOSA RESGATADA

A aposentada Maria das Dôres Monteiro, de 78 anos, não perdeu a casa, mas precisou ser resgatada de barco do apartamento onde mora no bairro Humaitá, em Porto Alegre. Radicada em Juazeiro do Norte, ela vive há 40 anos na capital gaúcha, e está, hoje, em um alojamento para vítimas.

“Os Bombeiros tiraram a gente de casa de barco, e nos colocaram num lugar que tem água, luz, internet e comida. Minha casa está lá. Quando a água baixar, a gente volta. Estou segura”, relatou a idosa em áudio enviado à família.

Irmã de Maria, a jornalista Julia Rosa, 62, define que uma “operação de guerra” foi iniciada pelos moradores quando os primeiros alertas de cheias foram emitidos. “Quando souberam, já foram pros supermercados comprar velas, fósforos e alimentos pro momento de sufoco”, diz,

Com informações do Diário do Nordeste.