sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Cearense reencontra irmão após separação de 50 anos

Foto Arquivo pessoal 
José Maria não tinha nem 10 anos quando viu os dois irmãos mais velhos saírem de casa em Beberibe, no Litoral Leste do Ceará, com uma promessa para a mãe: “a gente vai arrumar o que comer e mandar dinheiro para a senhora”. Foram 50 anos sem nenhum contato, numa saudade que embarga a voz do cearense, até o reencontro virtual neste mês por meio de um grupo de desaparecidos nas redes sociais.

A família se desmembrou no início da década de 1970, quando Dimas e Luciano da Silva Guerra saíram para trabalhar no Pará. Por lá, os dois também acabaram tomando caminhos diferente. No Ceará, José Maria ficou ao lado de duas irmãs, mas após a família mudar de cidade, quando vieram para Fortaleza, a comunicação ficou ainda mais difícil. Dimas chegou a enviar cartas no Norte do País, mas elas nunca chegaram aos familiares.

Foi a insistência da filha de José Maria que tornou o reencontro virtual possível, com buscas nominais e ajuda de pessoas na região que identificaram uma pessoa que poderia ser o seu tio. E era. “É uma felicidade muito grande, ficamos muito emocionados, dizem que homem não chora, mas só se for um homem que não ama, que tem uma barreira na alma”, reflete José Maria da Silva Guerra, agora com 59 anos.

Nunca é tarde para ser feliz, ela vem nem que seja na velhice, meus pais já se foram e eu só tenho minhas duas irmãs. Agora tenho a certeza da vida do meu irmão.

JOSÉ MARIA

Zelador

Uma videochamada uniu Dimas e José no dia 14 de setembro e desde então os dois se falam constantemente, mas os assuntos de uma vida distante ainda precisam de muito tempo. Os irmãos buscam informações sobre Luciano.

“A gente já conversou sobre o nosso passado, os parentes que ficaram, nossa mãe que teve uma vida muito difícil para nos sustentar e sobre meu pai que trabalhou até em salinas e roçados”, lembra.

Sem condições financeiras para um reencontro, os dois ainda não sabem quando poderão encerrar a saudade com abraços. “Quando der certo a gente vai se encontrar, temos aquela esperança em Deus, como Ele colocou meu irmão no meu caminho de novo, acredito que não vai nos abandonar”, conclui José Maria.

Fonte Diário do Nordeste.