sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Mulher trans radicada no Ceará participa do novo clipe de Kell Smith e Padre Fábio de Melo

Nascida em São Paulo, mas residindo em Fortaleza há sete anos, a escritora, atriz, pesquisadora e ativista trans Helena Vieira participa do novo clipe de Kell Smith e Padre Fábio de Melo. A produção, intitulada "Vivendo", estará disponível na noite desta quinta-feira (30) no YouTube.

Ao Verso, Helena explica que o convite para fazer parte da empreitada partiu de Kell Smith, intérprete do sucesso "Era uma vez". "Nos conhecemos por meio do Clubhouse (rede social de áudio). Um dia, ela me ligou para um outro trabalho e fomos mantendo contato, até que surgiu 'Vivendo', um projeto de muita importância", detalha a escritora.

Ela assina o roteiro e integra o elenco do clipe, cuja temática está vinculada à campanha Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio. Vieira destaca a alegria da oportunidade de ingressar no trabalho, sobretudo por ele derivar da canção de uma amiga querida e pela participação de Padre Fábio de Melo. "Era uma forma também de atravessar um pouco as bolhas".

A música, segundo ela, é sobre seguir vivendo apesar das dificuldades. Também a respeito de contemplar um amanhecer que virá, os encontros. No roteiro, Helena optou por construir histórias comuns, desenvolvendo uma narrativa na qual diversas pessoas passassem por uma madrugada insone e chegassem a um amanhecer transformado pela música e pela arte.

"Enfoquei na esperança. Os diálogos com a Kell Smith foram fundamentais nesse processo. Queríamos que o clipe dialogasse com os problemas cotidianos e as dores diárias. As questões de representatividade e pluralidade estiveram também no centro, na composição do elenco, na transformação na história. Isso foi um ponto central", sublinha.

VIVER, APESAR DO PRESENTE

Por sua vez, a participação da ativista no elenco da produção foi um pedido de Kell Smith. Nesse sentido, Helena situa que a vivência nas Artes Cênicas auxiliou bastante o processo. Ela faz parte da equipe do Outro Grupo de Teatro (CE/SP), fomentador de pesquisas envolvendo teatro, cinema, gênero e sexualidade.

"Sou uma figura tímida e os conselhos do meu colega de grupo, o Tavares Neto, me ajudaram muito a interpretar. O projeto completa 10 anos neste ano e a experiência de escrever a dramaturgia de 'Travestis na Ditadura' e 'Psicopatia Sexualis', dois de nossos espetáculos mais novos, foi muito importante. Inclusive, logo estaremos em cartaz em São Paulo e RJ com ambas as peças", adianta.

Com informações do Diário do Nordeste.