terça-feira, 31 de agosto de 2021

Pesquisadores da UFC encontram 20 novas espécies de abelha nativa, sem ferrão, no Ceará

Na hora de falar em criação de abelhas, a maioria das pessoas teme o risco de ataques e picadas. Mas existem aquelas sem ferrão, originárias do sertão cearense, com enxames no campo ou criadas em pequenas caixas, elevadas, comuns até a década de 1970. Com o passar do tempo, ficaram mais raras e desconhecidas em face da prevalência das espécies africanizadas – com ferrão.

Um estudo inédito e abrangente realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) identificou em 52 municípios e em 122 localidades rurais do Ceará 20 novas espécies de abelha-sem-ferrão, silvestres, ampliando o catálogo estadual para 49 tipos diferentes.

O resultado desse levantamento foi publicado em artigo científico nos Anais da Academia Brasileira de Ciências (AABC).

A gente sabia que o Ceará tinha diversidade das abelhas nativas, sem ferrão, mas foi uma surpresa a quantidade de novas espécies que encontramos”

Breno Freitas

Professor da UFC

A abelha-sem-ferrão é também chamada de meliponíneo. O número de espécies novas pode ser ampliado para 52, porquanto há outras três que aguardam processo de validação.

“Muitas estão em áreas isoladas, remotas, no meio da mata,”, frisou Breno Freitas, que foi o orientador da pesquisa realizada pelo estudante de doutorado em Zootecnia, Jânio Ângelo Felix. “É preciso conhecer essas espécies, saber explorar e conservar”.

IMPORTÂNCIA DA DESCOBERTA

A importância do conhecimento está na preservação ambiental, polinização, consumo próprio de mel e exploração como atividade comercial.

O professor da UFC observou que a ação do homem a partir do corte de matas nativas, a falta de plantas frutíferas e de flores contribuem para o desaparecimento das espécies de abelhas. “Ao redor das casas, nas fazendas, só há descampado, ficou tudo pelado”, lamentou o docente. O cultivo de árvores exóticas como Nim é nocivo para as abelhas.

O objetivo da pesquisa é “conhecer as espécies de abelhas nativas, sem ferrão, antes que desapareçam”, explicou Breno Freitas. “Conservar não é deixar intocado, mas ajudar a manter essas abelhas e explorar mel para consumo da família, venda e polinizar árvores”.

As abelhas-sem-ferrão são ricas em produção de pólen e resinas e apresentam um mel diferente da produzida pelas abelhas de ferrão. Além da presença de traços de própolis, tem um sabor um pouco azedo, mais acidez, mais fino e com maior teor de hidratação.

Com informações do Diário do Nordeste.