sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Cearense que foi vítima de trabalho infantil é homenageado no Caldeirão do Huck; conheça a história

O cearense Felipe Caetano, de 19 anos, trabalhou dos oito aos 14 anos nas praias de Aquiraz, na Grande Fortaleza. Após cinco anos, libertou-se da exploração infantil e criou um projeto para combater a violação dos direitos de crianças e adolescentes no País. Já conseguiu transformar a realidade de mais de 700 jovens e, neste sábado (20), será homenageado no "Especial Inspiração", do programa Caldeirão do Huck.

O quadro mostra histórias de pessoas que promovem iniciativas e mudam a trajetória de suas comunidades. A produção veio ao Ceará para mostrar o contexto socioeconômico de Felipe. E ele foi aos Estúdios Globo para gravar o episódio, que teve a participação do também cearense Silvero Pereira.

“Participar do programa foi excelente não apenas por estar lá, mas por tudo que vai representar. Será um ampliador da minha voz. Meninas e meninos que estão em uma condição que vivi anos atrás vão saber que apenas a educação é o caminho”, avalia.

O cearense conta que a experiência em cursos e palestras no Núcleo de Cidadania dos adolescentes (Nuca), em Aquiraz, possibilitou a compreensão sobre os danos do trabalho forçado nesta fase da vida.

“Comecei a trabalhar aos oito anos, na praia. Depois, passeio a ser garçom aos 11 anos. Trabalhar quando é criança é o ciclo dito como natural para os filhos de pobres. Mas, aos 14 anos, comecei a perceber que aquilo que eu entendia como oportunidade era uma violação dos meus direitos”, relembra.

O jovem aponta que uma família pobre leva cerca de nove gerações para acabar com a pobreza, e o trabalho infantil atrapalha esse processo. “Isso faz com que essas crianças não consigam ter no futuro uma vida profissional e romper o ciclo”, reitera.

Ministério Público do Trabalho

Após estudos e entender melhor a situação, em 2015, Felipe buscou o promotor Antônio Lima, do Ministério Público do Trabalho no Ceará (MPT-CE), para criar um projeto de conscientização e combate à exploração infantil. Hoje, 700 pessoas integram o Comitê Nacional de Adolescentes pela Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (Conapeti), criado por ele.

Os grupos promovem palestras e diálogos, alcançando milhares de jovens em encontros bimestrais e trimestrais que, na pandemia, estão sendo feitos virtualmente.

Na prática, o comitê faz denúncias, orienta e auxilia jovens em situação de trabalho infantil.

Com informações do Diário do Nordeste.