quinta-feira, 9 de julho de 2020

Primeiro semestre deste ano tem menor índice de queimadas desde 2011, no Ceará

O Ceará registrou, no primeiro semestre deste ano, 119 focos de queimadas. Este é o menor número desde 2011, quando foram observados apenas 63 focos. Os dados são do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Na atual década (2011 a 2020), o recorde foi obtido em 2012, quando os satélites registram 423 pontos ativos.

Historicamente, no primeiro semestre, janeiro é o mês em que se registra maior quantidade de focos de queimadas. Foram 94 no primeiro mês deste ano. Em 2012, 308 focos, o maior para o intervalo (2011-2020). O segundo janeiro com mais queimadas foi no ano passado (2019) com 194. Durante a atual década, o janeiro com menor quantidade de focos de queimadas foi em 2011, com apenas 63 pontos ativos.
Cultural

O agrônomo e presidente da ONG Instituto Rio Jaguaribe, Paulo Ferreira Maciel, que possui mestrado na área de desenvolvimento ambiental, explica que no Ceará, onde predomina o bioma caatinga, as queimadas se relacionam com o processo histórico do desmatamento que é sistemático desde o período de ocupação do território, na fase da colonização.

“No auge das grandes plantações de algodão houve uma intensificação dos desmatamentos na caatinga com uso de queimadas em áreas extensas para reduzir custo de mão-de-obra e tempo de trabalho. Depois, veio a pressão por conta da pecuária extensiva que ainda hoje prevalece em extensas áreas do sertão”, explica.

O especialista detalha que no período de julho a dezembro, as queimadas têm crescimento devido a fatores climáticos e a ação antrópica - agricultores fazem mais queimadas e o fogo acaba se alastrando. O segundo semestre concentra mais 80% de pontos ativos.

"O crescimento das queimadas nesse período se relaciona com a tradição de preparo de terra para o plantio", explica o agrônomo e produtor de frutíferas, José Teixeira Neto.
Histórico

O Programa Queimadas do Inpe apresenta um levantamento anual completo a partir de 1999. A série histórica de 22 anos referente ao primeiro semestre, revela que o recorde de focos ativos de queimadas ocorreu em 2005, com 540. Naquele mesmo ano, janeiro teve o maior registro desde 1999 (476).

No período compreendido entre 1999 e 2019, o menor índice anual verificou-se em 2000, quando o programa registrou 57 focos de queimadas e o janeiro que mais queimou no Ceará, no período de 22 anos, foi em 2005 (476).

Com informações do Diário do Nordeste.