quarta-feira, 13 de maio de 2020

Pacientes passam por cirurgia dentro de 'tenda' para evitar contaminação por coronavírus em hospital no Ceará

Pacientes passam por cirurgia dentro de 'capsula' para evitar contaminação por coronavírus — Foto: Divulgação
Uma equipe multidisciplinar do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), em Fortaleza, desenvolveu uma “tenda” capaz de conter gotículas e gases contaminados durante a realização de cirurgias respiratórias. A ideia é proteger pacientes e profissionais de saúde da proliferação do novo coronavírus.

A barreira é usada em cirurgias de vias aéreas desde março, inicialmente de forma experimental. O dispositivo é inserido em procedimentos com pacientes positivos para a Covid-19 e também com alguns sem a doença.

Intitulado COVID-Box, o equipamento de proteção coletiva é composto por uma armação de aço inox esterilizável, que é colocada sobre o paciente, posteriormente recoberto com um campo plástico. O equipamento está sendo usado no HUWC em cirurgias consideradas essenciais. O dispositivo foi desenvolvido por cirurgiões gerais, torácicos e de cabeça e pescoço, otorrinolaringologistas e pelas equipes de enfermagem do Centro Cirúrgico e de engenharia clínica do HUWC.

Em um dos procedimentos, um paciente com infecção bacteriana necessitou de uma traqueotomia após várias semanas entubado. O médico otorrinolaringologista André Alencar Araripe Nunes, Chefe da Unidade de Cabeça e Pescoço do HUWC, explica que o COVID-Box oferta a mesma mobilidade dos profissionais durante as cirurgias.

“Esse tipo de dispositivo pode ser usado em alas específicas para pacientes com Covid-19, como determina as mais diversas recomendações médicas e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Não temos como dizer que isola 100%, mas protege pacientes que estejam ou não, dentro e fora dessas áreas de possíveis infecções”, explica André Alencar.

O cirurgião Wellington Alves conta que a equipe, além de traqueostomias em pacientes infectados, vem também testando o dispositivo para outros procedimentos cirúrgicos geradores de aerossóis, ou seja, que geram partículas finíssimas sólidas ou líquidas que ficam em suspensão no ar e sobre superfícies.

“Mais recentemente, realizamos uma glossectomia parcial (remoção cirúrgica de parte da língua em função de câncer agressivo) e uma ressecção de osso temporal (tipo de cirurgia de base de crânio) utilizando o protótipo, não havendo prejuízo técnico em virtude da sua utilização”, avalia o especialista.

Protocolos

A enfermeira Eliane de Paula revela que, no HUWC, foi criada uma divisão nomeada “Time de Vias Aéreas Cirúrgicas – COVID-19”, com o objetivo de oferecer protocolos para realização de traqueostomias em pacientes suspeitos ou confirmados com o novo coronavírus, como também para dar suporte às intubações difíceis que vêm sendo realizadas com frequência.

Com informações do G1 Ceará.