terça-feira, 12 de maio de 2020

Ceará tem mais mortes por coronavirus que 141 países do mundo

Foto Paulo Alberto
Não é nenhuma novidade que o Ceará figure entre os estados do Brasil com o maior número de óbitos em decorrência da Covid-19 - a doença provocada pelo novo coronavírus. Atualmente, está em terceiro neste cálculo, perdendo apenas para os registros em São Paulo (3.743) e Rio de Janeiro (1.770). Mas os cearenses não têm só essa conta para fazer. Isso porque, de acordo com dados da universidade estadunidense Johns Hopkins, que mapeia, em tempo real o número de casos confirmados e óbitos pela doença ao redor do globo, o Ceará está à frente também de 141 países do mundo neste quesito. Estão considerados nessa análise locais onde a pandemia já está em declínio; onde ela acabou de começar; ou que têm curva epidemiológica parecida com a do Estado.

Até às 17h21 dessa segunda-feira (11), o Ceará somava 1.189 óbitos em razão do novo vírus, sem contar as 334 mortes suspeitas, cuja testagem foi realizada para possível confirmação da doença. Apenas nas últimas 24 horas, foram 75 mortes registradas. As informações regionais constam na última atualização da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).

Em número de casos fatais, o Ceará está à frente de países com populações maiores que a sua e que fazem fronteira com outras nações já castigadas pela pandemia da Covid-19 neste ano, como é o caso de Portugal. Na Europa, os portugueses dividem limites com a Espanha e o Oceano Atlântico. Porém, enquanto 26,6 mil espanhóis morreram por causa do coronavírus, em Portugal foram 1.144 até essa segunda-feira, conforme a Johns Hopkins.

1.189 óbitos por covid-19 

De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), o número de mortes provocadas pela infecção do Sars-CoV-2 chegou a 1.189. A média, desde que houve o primeiro registro de fatalidade, é de 24 óbitos por dia, ou um a cada hora.

Quando comparado a um país vizinho ao Brasil, só o Ceará já registrou quase quatro vezes o número de mortes totais da Argentina. Até essa segunda, 305 argentinos faleceram em razão da infecção viral. Considera-se, entretanto, que a população argentina é quase cinco vezes maior do que a cearense. O que confere ao país latinoamericano uma taxa de mortalidade significativamente inferior.

Dos cinco países mais populosos do mundo, os cearenses apresentam maior índice de óbitos do que dois deles: Paquistão (667 mortes com população de 212,2 milhões) e Indonésia (991 óbitos, com população de 267,7 milhões). Ambos estão na Ásia, continente que apresentou o primeiro registro da Covid-19. Os dois países, atualmente, estão passando por um aumento no número de casos e mortes, o que pode indicar o crescimento da infecção.

Comparativo

De acordo com o epidemiologista Luciano Pamplona, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), se já é "muito difícil" comparar a situação da Covid-19 no Ceará e nos demais estados do Brasil, mais complexo ainda é tecer semelhanças com outros países do mundo.

Contudo, para o especialista, a leitura é clara: "a gente está pior do que os outros países porque, de fato, a nossa situação é muito grave. O país que tem mais ou menos óbitos neste momento está ligado à informação ser divulgada, à condição de investigação desses óbitos e ao acesso ao tratamento", exemplifica.

17.599 casos da doença 

Até ontem (11), o número de testagens positivas para o novo coronavírus já somava 17.599 registros em todo o Ceará. Fortaleza, por sua vez, continua como o epicentro do Estado, contabilizando 11.935 confirmações.

Para Luciano Pamplona, o fato que reforça a situação grave é a decretação de lockdown (bloqueio total) - também chamado de "isolamento social rígido" - em Fortaleza até o dia 20 de maio. Decisão que, no seu ponto de vista, foi acertada e tomada no momento certo. "Nenhum governador em sã consciência, sabendo do impacto econômico que isso tem, faria isso se não soubesse o quão grave é (a situação epidemiológica)", diz, ao atentar para a disseminação da infecção pela periferia e pelo interior cearense.

Com informações do Diário do Nordeste.