quarta-feira, 27 de junho de 2018

Ciro Gomes está cada vez mais próximo de partidos de centro-direita

Com o desacordo prévio para uma ampla aliança da esquerda ainda no primeiro turno, o pré-candidato a presidente da República, Ciro Gomes (PDT), deu start para negociação de aliança eleitoral com o bloco de centro-direita. Na semana passada, o partido do pré-candidato se reuniu com PP, SD, DEM e PRB — partidos do chamado centrão.

As últimas duas legendas possuem pré-candidatos ao Palácio do Planalto, incluindo o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), e do empresário Flávio Rocha (PRB).

O encontro foi informado pelo próprio Ciro, que palestrou ontem para empresários no município de Caucaia a convite da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Caucaia (Acisc). Questionado pelo O POVO, o ex-governador justificou a aproximação com o grupo alegando que a conversa foi “franca” e que a proposta de aliança é baseada em um programa de governo.

“Abrimos uma conversa, tratamos de coisa programática, tratamos das minhas críticas a eles e das deles a mim”, disse. É a primeira vez que o pedetista admite conversa formal com o grupo.

Ciro disse que os partidos do centrão, que hoje dão suporte ao governo do presidente Michel Temer (MDB), estão de portas abertas para uma possível aliança em outubro próximo. “(As portas) Estão completamente abertas na medida em que meu olho está um posto na eleição e o outro posto no dia seguinte”, admitiu.

O ex-ministro argumentou que o caminho que tem tomado é em respeito “ao voto popular”. “Nós precisamos ter humildade, respeitar o voto popular, pensar no futuro do País e num ambiente de diálogo entre diferentes. A única saída que o Brasil tem é estabelecer e fazer isso ao redor de programas ao invés de cargos, fisiologia e corrupção que em nenhuma possibilidade aceito”, pontuou.

O pré-candidato, ao ser questionado se estaria passando para o campo da direita, alfinetou o PT afirmando que o discurso que é difundido no meio da esquerda é “burocracia do PT” e que é injustiçado pelo partido do ex-presidente Lula.

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, disse que a aproximação é em torno de um “programa” e que a ideologia de centro-esquerda da candidatura “não muda”. “Nós temos como prioridade a aliança com o PSB”, disse.

Ao O POVO, o senador Agripino Maia (DEM-RN) admitiu que Ciro está entre os nomes “do centro” que o partido estuda apoiar. A decisão, no entanto, deverá ser tomada em conjunto. “São vários partidos que estão discutindo em conjunto. Não tem possibilidade de candidatura A, B ou C. Os partidos (do centro-direita) vão tomar decisão em conjunto”.

No meio das conversas de bastidores, é considerada a possibilidade de DEM e PRB abrirem mão das candidaturas para negociar alianças mais interessantes para os partidos.

Flávio Rocha, no entanto, disse ontem, ao sair de uma reunião com o centrão, que pretende manter a candidatura ao Palácio do Planalto até o fim e descarta ser vice de qualquer candidato.