sábado, 6 de dezembro de 2025

Heineken fecha fábrica no Ceará e demite funcionários um dia após treinamento

Foto Kid Junior.
“Os últimos dias foram muito angustiantes. O nível de ansiedade das pessoas na fábrica era muito grande, por conta da incerteza que se tinha”. A afirmação é de um técnico eletricista da planta da fábrica da Heineken, em Pacatuba, que encerrou as atividades nessa última terça-feira (2). Ele conversou com a reportagem do Diário do Nordeste, mas solicitou para não ser identificado por medo de represálias.

O trabalhador tinha 15 anos de empresa, tendo sido desligado juntamente com 97 colegas, contratados diretos do grupo cervejeiro. Além deles, é estimado que cerca de 250 trabalhadores terceirizados também perderam seus empregos. Ao todo, teriam sido demitidos cerca de 350 pessoas.

O número de empregos diretos foi confirmado pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Águas Minerais, Cervejas e Bebidas em Geral do Estado do Ceará (Sindibebidas).

“Ao todo, 98 trabalhadores serão atingidos. O sindicato já realizou a negociação de benefícios para esses empregados. A empresa também apresentará propostas de transferência para Pernambuco e São Paulo”, diz Fernando Matos, representante do sindicato.

A Heineken não informou à reportagem quantos trabalhadores diretos e terceirizados mantinha na fábrica do Ceará. A Prefeitura de Pacatuba afirmou que não tem o número oficial. Além disso, a empresa não deu mais detalhes sobre o processo de demissão dos trabalhadores.

Matos lembra que na última reforma das leis trabalhistas a homologação de rescisão não é mais obrigatória. “Os trabalhadores vão ter essa oportunidade de transferência e, por terem uma boa qualificação, é bem provável que o mercado absorva todos, rapidamente”, completa Matos.
Desmobilização silenciosa

O sinal de alerta para os colaboradores soou com o fim da linha de garrafas em julho deste ano. Com o encerramento, na planta de Pacatuba só funcionava a linha de latas.

Antes do fim da linha de garrafas, o Grupo Heineken só engarrafava as marcas Kaiser, Tiger, Skin, Amstel e Devassa em cascos de vidro de 600 ml e 300 ml.

“A gente estava na indecisão de saber como seria o futuro da fábrica. Estávamos esperando que a linha (de garrafas) reabrisse, talvez em setembro, mas isso não veio”, lembra o colaborador demitido.

Ele relata que em outubro foi iniciado o processo de “esvaziamento de insumos”. “Não veio mais malte de cevada, para fabricar cerveja, outros insumos foram cessando e alguns fornecedores foram deixando de fornecer serviços”.

O técnico eletricista revela, ainda, que a “última pá de cal” na produção ocorreu no mês passado, com o esvaziamento dos tanques. “Os tanques começaram a ser esvaziados e, mesmo assim, a gente não acreditava que a fábrica fosse de fato fechar”, comenta.

Com informações do Diário do Nordeste.