sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Estudo da Universidade Federal do Ceará aponta que casos de violência contra a mulher no Brasil podem dobrar até 2033

Foto Shutterstock 
Um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) revela que a violência contra a mulher no Brasil pode crescer 95% até 2033, caso o ritmo de ocorrências registrado nos últimos anos se mantenha. 

O levantamento analisou mais de 2,6 milhões de registros de violência contra a mulher no país entre 2013 e 2023 e indica que a violência avança de forma ampla e persistente, atingindo todas as faixas etárias.

Segundo o pesquisador Léo Nogueira, do Laboratório da Violência da UFC, “as projeções assumem uma continuidade sem intervenção nesses quesitos, elas foram gritantes, foram alarmantes. E esse alarme não deve ficar só dentro da comunidade científica, ele deve ir para a sociedade, ele é feito para a sociedade.” 

Ele reforça que, sem novas políticas públicas, o aumento projetado é provável, mas não inevitável. “O estudo mostra que, na maioria das vezes, a violência acontece dentro de casa e é praticada por pessoas próximas, como companheiros, ex-companheiros ou familiares”, completa Nogueira.

O levantamento mostra que, em cerca de 40% dos casos, as agressões se repetem e se acumulam, começando muitas vezes como violência psicológica e evoluindo para formas mais graves. “Estamos falando de um ciclo que se perpetua dentro de lares, escolas e ambientes de trabalho, e que muitas vezes passa despercebido porque a vítima não consegue ou não quer denunciar”, destaca Willian Caracas Moreira, pesquisador da UFC. Ele observa que o crescimento da violência no Norte e Nordeste tem sido acelerado, especialmente após o período pandêmico, enquanto o Sudeste concentra quase 50% do número total de casos.

A realidade brasileira, segundo os pesquisadores, se aproxima de padrões observados em outros países, como os Estados Unidos, mas apresenta especificidades locais. Um ponto crítico identificado é a subnotificação: mais de 60% das vítimas não procuram ajuda. “Medo, vergonha, dependência financeira e dificuldade de acesso aos serviços impedem que denúncias sejam feitas, o que reforça o ciclo da violência”, explica Willian Caracas Moreira.

Com informações do Portal GC Mais.