sábado, 13 de dezembro de 2025

Crochê também é cura e pode ser inclusive processo terapêutico, no Ceará

Foto Fabiane de Paula.
A linha atravessa a agulha, a agulha dança nos dedos, os dedos movimentam mãos e histórias. Também trazem paz. Não à toa, crochê terapêutico tem sido expressão com alcance animador na internet e em círculos especializados. Sinônimo de silêncio e cura interior, é reverberação do que essa arte manual oportuniza na saúde mental e na emoção das pessoas.

“Porque o crochê faz isso, essa transformação, é que podemos canalizá-lo para a função terapêutica”, explica Alexandre Santiago, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará.

Segundo ele, nossa corporeidade está atrelada à saúde mental. Quando há uma técnica que requer concentração, atenção, beleza, ritmo e criatividade, temos oportunidade ímpar de entrar em contato com as mais incríveis potencialidades que nossas mãos podem fazer. Os benefícios, claro, são vários e vão muito além de maior tempo consigo, por exemplo.

Em termos de funções cognitivas, atividades manuais com fins terapêuticos demandam uso de dedicação, funções executivas e habilidades visomotoras e construtivas. Ao utilizá-las, ocorre uma espécie de treinamento cognitivo. Ou seja, à medida que usamos essas funções na execução de determinada tarefa, também as treinamos e exercitamos, fortalecendo-as.

Por sua vez, no âmbito da saúde mental, o crochê pode produzir estado semelhante à meditação e ao mindfulness – termo em inglês para designar a prática de focar a atenção no momento presente – e pode promover relaxamento, paciência e regulação da respiração. Resultado: sensação de bem-estar emocional a quem pratica.

“Pode-se dizer que a prática ainda pode ter efeitos ansiolíticos, no sentido etimológico do termo, ou seja, consegue aliviar a ansiedade”, situa Rodrigo Maia, doutor em Psicologia e professor da Universidade Federal do Ceará.

Conforme observa, a busca por atividades manuais hoje parece surgir como contraponto ao uso excessivo de redes sociais e smartphones. Enquanto estes exigem performance, processos manuais pedem presença, zelo e tempo.

“Pessoas adeptas desses ofícios relatam desfechos favoráveis, como menos ansiedade e estresse, mais paciência e persistência, maior tolerância à frustração, entre outros desdobramentos. Consequentemente, incentivam outras pessoas à realização dessas atividades. Fazem o tal do ‘marketing boca a boca’”.

Com informações do Diário do Nordeste.