quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Empresário cearense investe R$ 300 milhões para ser o maior produtor de camarão do Brasil

Foto Honório Barbosa
Produzir camarão é um processo complicado e sofisticado. Esta coluna o conheceu em minúcias há uma semana durante visita de dia inteiro ao complexo da Fazenda Potiporã, no município potiguar de Pendência, integrante do Grupo Samaria, do empresário cearense Cristiano Maia, maior carcinicultor do país, que também tem mais duas fazendas em Beberibe e Paraipaba, no Ceará. Juntas, essas três unidades produzem, mensalmente, 1.500 toneladas de camarão. 

Na implantação do seu complexo de carcinicultura potiguar e cearense, Maia investiu, nos últimos 8 anos, mais de R$ 300 milhões.

O processo de produção do camarão começa no moderno e grande laboratório da Samaria Camarões, onde são produzidas as larvas que nascem do acasalamento de machos e fêmeas e imediatamente são transferidos para um conjunto de quase 100 imensos tanques – também chamados de berçários – dos quais, 10 dias depois, já como pós larvas, são transportados para os viveiros, cada um dos quais ocupa uma área que varia de 3 a 10 hectares de espelho d’água, nos quais permanecem até alcançar o tamanho e o peso para a despesca. Na Potiporã, há 411 viveiros ocupando área de 1.521 hectares.

O ciclo do camarão, desde a eclosão do ovo até chegar ao mercado consumidor, é, em média, de 100 dias.

Os viveiros da Fazenda Potiporã são abastecidos com água do mar captada por um conjunto de 80 gigantes motobombas King, fabricadas em Fortaleza pela família Castro Alves, que tem clientes em todo o Nordeste. A captação se dá no longo canal que enche e se esvazia conforme o fluxo e o refluxo da maré – as águas do Atlântico estão a menos de 5 quilômetros de distância dos viveiros.

Cada viveiro dispõe de um conjunto de aeradores – equipamento que ajuda a oxigenar a água, sendo fundamental para a vida dos organismos e para o tratamento de efluentes. Na Potiporã – assim como em Beberibe e Paraipaba, um viveiro com 10 hectares de área chega a ter 20 aeradores. Como se observa, é alto o consumo de energia elétrica da Potiporã, cuja conta mensal de energia passa de R$ 1 milhão.

Quase diariamente, há despesca na potiguar Potiporã e nas duas unidades cearenses do Grupo Samaria. Na despesca, os camarões, de todos os pesos e tamanhos, são transferidos dos viveiros para enormes contêineres de fibra, que em seguida são levados para a recepção da indústria de beneficiamento, localizada na sede municipal de Pendência, onde 700 pessoas, a maioria mulheres, trabalham, sob rígidos padrões internacionais de higiene e segurança estabelecidos para a atividade industrial produtora de alimentos.

Cada contêiner é pesado antes de ter acesso à indústria. Depois, a carga de camarão inicia, por uma esteira rolante, um passeio que começa na sua lavagem, passa pela seleção – feita por hábeis mãos femininas, que retiram os indivíduos de tamanho inferior ao exigido – e segue, em pequenos depósitos de plástico, para a máquina selecionadora, que, como o nome sugere, separa os camarões por tamanho e peso.

Com informações do Diário do Nordeste