domingo, 29 de junho de 2025

Lendas de comunidade rural cearense inspiram filmes feitos por crianças e adolescentes

Foto Lab Janelas / Divulgação
“Uma casa de taipa, feita com barro, madeira, teto de palha, debaixo de um pé de mangueira, é onde a gente dá as nossas formações. É a nossa escola”. Neste espaço de aprendizado e acolhimento, crianças e adolescentes de 8 a 15 anos da comunidade rural de Bananeiras, em Guaraciaba do Norte, transformaram as lendas da localidade, partilhadas pelos mais velhos, em cinema.

Após meses de formação em audiovisual, os pequenos cineastas roteirizaram, dirigiram e atuaram em “O Kaipora” e “O Crescedor”, dois curtas que evocam seres místicos do imaginário popular. As produções têm previsão para serem finalizadas nos próximos meses e circularem em Bananeiras, comunidades vizinhas e, também, festivais pelo Brasil.

O processo se desenvolveu na 3ª edição do Lab Janelas — Laboratório de Experimentação, Criação e Formação Audiovisual, uma iniciativa ligada ao Espaço Cultural Quintal de Afetos e apoiada pela Secult Ceará por meio da Lei Paulo Gustavo.

Dos terreiros e quintais a Bananeiras

Gerido pelo casal Joyce Ramos e Dan Seixas — ela produtora e pesquisadora cultural e ele fotógrafo e realizador —, o Quintal de Afetos é um espaço firmado em Bananeiras e fruto do Coletivo Terreiros e Quintais de Afetos.

“A gente sempre teve a proposta de levar atividades artísticas que não são convencionais nesses espaços onde às vezes as políticas públicas culturais não chegam”, explica Joyce, coordenadora pedagógica do projeto, em entrevista ao Verso.

Com caráter itinerante, o coletivo passava por localidades rurais da região levando diferentes projetos. Um deles foi a edição inaugural do Lab Janelas, que em 2022 ocorreu na comunidade de Santa Luzia, no município de Guaraciaba do Norte, a cerca de 300km de Fortaleza.

A proposta, resume Joyce, foi a de “oferecer formação básica em audiovisual atrelada ao território onde os alunos residem”. A partir da pergunta “o que tem no território que tem potencialidade para ser transformado em filme?”, o projeto desenvolveu módulos básicos que culminaram em produções feitas por eles.

Após essa primeira edição, Joyce e Dan encontraram Bananeiras e resolveram enraizar na localidade, criando um espaço físico para a ação do coletivo.

Com informações do Diário do Nordeste.