terça-feira, 6 de maio de 2025

Com avanço do mar, Ceará terá novo mapeamento costeiro para atualizar áreas de risco

                  Foto Programa Cientista Chefe Meio Ambiente - Planejamento Espacial Ambiental
O avanço do mar no litoral do Ceará vem se tornando um problema emergente e ameaça a economia de diversas cidades, seja pelo impacto na pesca ou no turismo. Quase metade da orla já sofre com a erosão - retirada de sedimentos das praias pela ação das ondas e ventos -, e algumas localidades já perderam dezenas de metros de costa. Em breve, um novo estudo deve atualizar as áreas de risco para facilitar tomadas de ação. 

Em fevereiro, foi lançado oficialmente o Plano de Ações de Contingência para Processos de Erosão Costeira do Ceará (PCEC), produto da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema). O levantamento utilizou imagens de satélite para mapear 553 trechos do litoral e apontar tendências erosivas em cada território.

No entanto, segundo Davis de Paula, doutor em Ciências do Mar, professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e membro da equipe técnica do estudo, o projeto entrará na segunda fase para atualizar a linha de costa ambiental. Para isso, os pesquisadores devem percorrer os quase 600 km de linha de costa do Estado.

O resultado deve ser apresentado em escala mínima, representando o mais próximo possível as dimensões reais de cada praia.

“O município vai receber um levantamento detalhado e um conhecimento satisfatório da sua situação. O PCEC é para o Estado todo, dentro de uma escala macro, mas no detalhe do município, novas situações podem se revelar. Por isso, vai ser preciso uma estruturação para que eles possam minimamente agir ou criar mecanismos de proteção”, explica o pesquisador.

Segundo ele, nessas regiões, as praias tendem a se tornar mais apertadas e perder competitividade econômica. “O turismo vai explorar áreas ambientalmente equilibradas, não áreas saturadas por obras costeiras, expostas, onde você não consegue nem transitar e nem ter um banho de mar seguro”, alerta.

Davis afirma que, nesse primeiro ano do projeto, o trecho analisado abrangerá as cidades de:

Icapuí
Aracati
Fortim
Beberibe
Cascavel
Aquiraz
Fortaleza
Caucaia
São Gonçalo do Amarante

Icapuí foi escolhida como pioneira pela gravidade da erosão costeira, que já provocou destruição de estruturas em praias como a Peroba, revelando um cenário “alarmantemente evidente” e de “extrema urgência”.

“Naquele município, antes de iniciar, serão apresentados os resultados do plano de ações, a nova metodologia de levantamento da linha de costa (capacitação municipal), e depois o levantamento ambiental”, detalha Davis de Paula.

Com informações do Diário do Nordeste.