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Foto Divulgação/Coletivo Encantarias |
A pele negra, marcada pelos caminhos da seca e pelos anos, molda um rosto de Paraipaba, no interior do Ceará, que será lembrado pelo Brasil. Aos 89, a fala de Maria Moura dos Santos, a Maria Toinha, é clara, firme – e ecoa, agora, além do tempo. Autora de quatro livros, ditados para o neto escrever, a mãe de santo concorre a um prêmio nacional.
Maria Toinha é finalista na categoria Educação – Inspiração do Prêmio Sim à Igualdade Racial 2025, promovido pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), e cuja solenidade com os vencedores vai ao ar no dia 25 de maio, na TV Globo, após o Fantástico. ’
Nascida em maio de 1936, quando mulher estudar era privilégio, a cearense enfrentou tempos e climas áridos. Passou pela seca de 1958, uma das mais severas do Ceará, “com uma criança no braço e uma trouxa na cabeça, andando pelo meio de mundo”, memórias que conta nas obras literárias que deixa como legado.
Entre as tantas vivências em quase 90 anos, porém, vê agora uma nova: o reconhecimento. “Tô emocionada, porque na idade que eu tô nunca tinha passado por isso. Meu pai nunca deixou a gente sair de casa pra trabalhar, mas depois de madura, já tomando de conta das responsabilidades, saí, pé no mundo, pelejando. Tô satisfeita”, resume.
O olhar terno, aliás, contraria o que foi a dureza da vida. “Minha infância foi muito acochada. Meu pai era muito pobre, cuidava da família no cabo da enxada. A gente estudou pouco, estudei só até a 5ª série, mas aprendi muita coisa”, garante.
“Mas essa pouca leitura que eu tive me serviu e me serve muito bem.”
Com informações do Diário do Nordeste.