quarta-feira, 19 de março de 2025

Ex-bancário empreende em bananas que seriam desperdiçadas, no interior do Ceará

Foto Divulgação
Filho de agricultor, o engenheiro mecânico Rafael Teixeira Arias, de 34 anos, testemunhou os impactos da seca severa que atingiu o Ceará entre 2012 e 2019. 

A estiagem prolongada prejudicou os bananais em Limoeiro do Norte, onde seu pai cultivava, resultando em safras de frutos deformados, com peso reduzido e aparência menos atrativa para os comerciantes.

"A falta de irrigação gerou muitos problemas no desenvolvimento, com resultados inferiores a 100%, pois a fruta, fora do padrão, é mais fina e perde valor no mercado", explica. Quando chegava às portas dos supermercados, a mercadoria era recusada e precisava ser redirecionada.

Contudo, devido à natureza perecível do produto, o tempo disponível era insuficiente, e toneladas do alimento estragavam. Com base nessa experiência, Teixeira idealizou um projeto de triagem das bananas antes da distribuição aos supermercados, com o objetivo de direcionar esses frutos para outras finalidades.

A ideia surgiu em 2015, mas foi em 2019 que ele buscou a colaboração da Conalimentos, empresa júnior do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde havia estudado, para o desenvolvimento de novos produtos a partir da banana não padronizada.

Nasceu, então, a marca cearense Gorilla Power, que adotou como conceito central o upcycling food, prática de reaproveitamento de alimentos destinados ao descarte, transformando-os em novos produtos de valor agregado.

Foram desenvolvidos lanches rápidos veganos, também conhecidos como snacks, com uma variedade de sabores, incluindo café, chocolate, coco e outras opções. Naquele ano, Teixeira optou por deixar a carreira bancária, na qual atuava há dois anos, e dedicar-se ao empreendedorismo.

"Eu tocava o projeto em paralelo, mas ele começou a demandar mais de mim. Aí decidi: vou empreender, trabalhar para mim. Mas, em seguida, veio a pandemia, e foi um ano de resiliência", lembra. Após a superação da crise sanitária, a empresa aproveitou o aumento da demanda por produtos saudáveis.

Atualmente, a empresa conta com 33 fornecedores de bananas, incluindo 10 famílias agricultoras, além de pequenas e médias empresas. A coleta das bananas não padronizadas ocorre por meio de rotas no polo produtor de Limoeiro do Norte, onde são selecionadas as frutas rejeitadas pelos supermercados, evitando o desperdício.

Com informações do Diário do Nordeste.