domingo, 23 de março de 2025

Cineasta cearense ressalta ancestralidade e permanência da cultura negra em documentário gravado em Itapipoca

Foto Joélia Braga / Divulgação
Busca por referências. Foi a partir dessa intenção primeira, há mais de 10 anos, que o cineasta cearense Kiko Alves começou a construir o caminho que desemboca, agora, no documentário "Um Lugar Chamado Aruanda" — um mergulho na história da própria família e, por consequência, na de diversas outras pessoas negras do Estado.

Inspirado por acompanhar a trajetória de vida da avó Georgina e ouvir os causos partilhados por ela, o artista estreia na direção de longas-metragens com um projeto que destaca saberes, ancestralidades e registros do município de Itapipoca, onde ele nasceu e a família vive há gerações. O filme tem previsão de ser finalizado ainda no primeiro semestre.

Antes do cinema se somar à história de Kiko, porém, o percurso dele foi marcado, num primeiro momento, por um incômodo pela ausência de referências bibliográficas negras no ambiente da Universidade, da graduação em Filosofia ao mestrado em Sociologia — o que sentiu também ao adentrar no audiovisual.

“Naquele momento, para mim enquanto uma pessoa negra, de periferia, homossexual, era muito ruim a bibliografia. Isso era uma questão, começou a me incomodar, então eu comecei a imergir em arquivos públicos na busca de referencial”, rememora.

A procura acadêmica por referências ocorria em paralelo a outra, essa referente às próprias raízes. “Somos uma família de catimbozeiros, de pessoas de matriz africana, de uma comunidade de remanescentes quilombolas em Itapipoca que é não reconhecida”, explica Kiko.

Com informações do Diário do Nordeste