quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Ceará terá fábrica de 'mosquitos do bem' em 2025 para combater dengue, zika e chikungunya no Nordeste

Foto Shutterstock
Em 2025, uma estratégia particular para controle de arboviroses será implementada no Ceará: a Biofábrica de Wolbachia. Esse termo complexo dá nome à bactéria que, ao interagir com o Aedes aegypti, impede a transmissão da dengue, zika e chikungunya. Por isso, os vetores são chamados de "mosquitos do bem".

A iniciativa faz parte das ações para controle de arboviroses do Ministério da Saúde, com investimento total de R$ 1,5 bilhão no País. A biofábrica do Ceará será construída no Distrito de Inovação em Saúde, no Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza, na Fiocruz Ceará. A movimentação para o projeto começou ainda em 2015.

Os mosquitos do bem produzidos no Estado serão distribuídos em 1.794 municípios nordestinos, com impacto positivo para 55 milhões de pessoas, nos próximos anos. Para isso, serão contratados profissionais para o funcionamento da fábrica e lançamento dos mosquitos.

“Em janeiro, a gente já coloca a obra no canteiro, nós queremos fazer com que a biofábrica funcione, no mais tardar, até o fim de 2025”, adianta o pesquisador Odorico Monteiro, coordenador da área de Inovação e Empreendedorismo na Fiocruz.

No momento, a tecnologia é usada em 15 países, com redução significativa das arboviroses. Na Austrália e na Colômbia, por exemplo, a queda dos casos de dengue foi maior do que 90%.

Os mosquitos do bem já são utilizados no Brasil, com uma prova de conceito feita em Niterói, no Rio de Janeiro, onde os casos de dengue caíram em 69%, a chikungunya reduziu em 60% e a zika em 37%.

Também já possuem a tecnologia em uso Campo Grande (MS), Petrolina (PE) e parte de Belo Horizonte (MG). Outros seis municípios estão em fase de implementação: Foz do Iguaçu (PR), Londrina (PR), Joinville (SC), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP) e Natal (RN).

No Ceará, após a fase de construção da estrutura física, serão instaladas as tecnologias necessárias para a produção. Para isso, há uma parceria entre o Instituto de Biologia Molecular do Paraná e a Universidade de Monash, na Austrália. O grupo criou a empresa Wolbito do Brasil.

“É uma fábrica com tecnologia própria porque nós vamos produzir ovos e mosquitos com toda a estrutura para usarmos no território”, acrescenta Odorico.

Também serão contratados profissionais para fazer treinamentos e capacitações nos municípios atendidos. “Nossa meta é reduzir ao máximo possível a infecção, porque vamos produzir mosquitos que têm essa bactéria”, projeta o coordenador.

Com informações do Diário do Nordeste.