Foto Davi Rocha |
Do final de setembro ao começo de outubro, todos os anos, a cidade protegida por São Francisco das Chagas, no sertão do Ceará, é tomada pela multidão de romeiros. Além da certeza da fé, outra convicção povoa o imaginário: Canindé tem vocação ao turismo. Mas, boa parte das crenças é que isso diz respeito somente ao aspecto religioso, indutor histórico de diversas movimentações na sede da cidade.
Porém, a 3km do centro da cidade, em um assentamento rural, outro tipo de turismo toma forma e ganha força. Fruto da atuação de uma “filha da cidade”, a canindeense, egressa da rede pública, Maria José Moura, outros potenciais do município têm sido explorados e resultam em novas certezas: o sertão cearense é também terra de turismo de aventura.
O movimento acontece no assentamento São Francisco, na zona rural da cidade, que abriga cerca de 30 famílias. O território, que há algumas décadas já foi a Fazenda Salgado, com a mobilização dos trabalhadores rurais por reforma agrária foi oficialmente demarcado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em 2009, contam os residentes.
É de lá que há cerca de 2 anos parte uma trilha rumo ao Serrote do Salgado, ponto mais elevado dessa área rural permeada pela vegetação sertaneja, de onde é possível ter uma vista panorâmica do município marcado e reconhecido pelos visitantes-devotos.
A ideia de estruturar o percurso já conhecido dos moradores do assentamento para visitação de um público externo e fazer dele uma atrativo no cenário natural veio de Maria José, durante o curso de tecnóloga em Gestão de Turismo pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE), em Canindé, em 2022.
“Mazé”, como é chamada pela comunidade, tem no assentamento sua referência. É na localidade que os pais agricultores têm “tocado a luta da sobrevivência” e residem há décadas. No local, ela conhece e é conhecida por todos os moradores.
Ao ter acesso à formação relacionada ao turismo e ter a ideia de regressar a esse território com uma proposta de ajuda à comunidade, o primeiro passo foi justamente consultar essa população sobre a viabilidade e a aceitação.
Com informações do Diário do Nordeste.