Foto Arquivo pessoal |
O cantor Vinicius dos Santos, de 21 anos, cantava e dançava com o público do município de Pedra Branca quando derrubou o microfone durante a apresentação. O susto era prenúncio de algo mais grave.
Ao mesmo tempo, ele foi surpreendido com dormência e perda da força no braço direito. Ali, acendia o primeiro sinal de alerta, cinco dias antes de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC), em 25 de julho deste ano.
A vocação para a música foi levada em consideração pela equipe médica ao escolher o tratamento para ele: o karaokê. Durante 10 dias, Vinicius trocou os palcos pela ala de reabilitação. “Ajudou demais. A fonoaudióloga colocava e eu fazia o karaokê quase todo dia. Uma vez por dia”, lembrou o cantor.
No período, o público diminuiu, passou a ser apenas os profissionais do Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), mas a animação com o show particular tinha nova motivação: a recuperação dele, que não conseguia sequer falar devido à sequela do AVC.
“Tive dormência do lado direito do corpo. Aí, quando deu o AVC, eu perdi logo a fala”, lembrou o cantor.
Vinicius tinha 20 anos, à época. Jovem, cantava nas vaquejadas que acontecem no Sertão do Ceará, e nunca imaginou que poderia sofrer um AVC. “[Quando teve o primeiro sintoma] eu até escondia um pouco porque eu estava fazendo um show.
Eu estava cantando e um braço caiu. Caiu até o microfone que eu estava segurando. Eu fiquei nervoso, mas, com dez minutos, voltou a força na mão de novo. Eu não sabia o que era isso. Eu até escondi”, lembrou o cantor sobre a não aceitação do diagnóstico que se aproximava.
Ele mora no distrito de Mineirolândia, no município de Pedra Branca — que faz parte da Área Descentralizada (ADS) de Saúde da macrorregião do Sertão Central. Primeiramente, foi levado ao hospital municipal e, depois, encaminhado ao HRSC.
“Foi muito bom. O hospital é maravilhoso. Fiz amizade lá, o povo me deu força. Os profissionais são excelentes. Não tenho o que reclamar. Só agradecer mesmo. Primeiramente a Deus e os profissionais do hospital”, agradeceu o cantor.
Para ele, que não conseguia sequer falar, voltar a cantar, inclusive, pode ser considerado um milagre. “Eu não acreditava que eu ia voltar, porque fiquei até surpreso já que eu não falava nada. Aí com o tempo, elas [equipe médica] passaram os tratamentos, de falar, escrever, cantar. Aí eu voltei. Fiquei até surpreso”, disse o artista, que voltou aos palcos a cerca de dois meses, e agora canta na Banda Forró do Amostradim, de Quixeramobim.
Os esforços de Quixeramobim na prevenção, atendimento e tratamento do AVC renderam ao município o título internacional de “Cidade Angels”.
Entre vários fatores, a referência do HRSC em relação aos cuidados com o AVC tiveram peso fundamental no título universal. Agora, o município é o quinto da América Latina a conseguir este certificado.
Com informações do G1 Ceará.