domingo, 29 de dezembro de 2024

Escritora cearense Marília Lovatel vence prêmio nacional de literatura infantojuvenil

Fofo João Filho Tavares
A professora e escritora cearense Marília Lovatel foi a vencedora do 20º Prêmio Barco a Vapor, que reconhece o trabalho de autores da literatura infantojuvenil brasileira. A obra premiada em 2024, ‘Salvaterra - breve romance de coragem’, combina temas como a escolha feminina do próprio caminho e a intimidade com a terra e os animais.

O prêmio, promovido pela Fundação SM com apoio da SM Educação, foi entregue no dia 6 de dezembro durante cerimônia em São Paulo.

A iniciativa do prêmio surgiu na Espanha para revelar novos autores e proporcionar aos jovens leitores o acesso a textos inéditos de qualidade. No Brasil, o vencedor leva um valor de R$ 40 mil e tem o livro publicado pela coleção Barco a Vapor. Esta edição do prêmio teve 1.135 textos inscritos.

O livro premiado e lançado em 2024 vem se somar a outros 15 títulos escritos por Marília Lovatel. Nascida em Fortaleza, a autora tem trilhado uma trajetória na literatura infantojuvenil.

‘Salvaterra - breve romance de coragem’ é sobre uma menina. Por ter sido sempre chamada de ‘menina’, a protagonista se identifica por esse nome. É ela quem conta ao leitor sobre a infância e a adolescência com lutas diárias e quase nenhum tempo para sonhar na numerosa família que mora na Ilha do Marajó, no Pará.

Crimes ambientais e preservação do meio ambiente são alguns dos aspectos abordados na obra, que traz na dedicatória os nomes de figuras marcantes na defesa da Amazônia: Bruno Pereira, Dom Phillips, Dorothy Stang e Chico Mendes.

Além de temáticas que abrem portas para diversas camadas de leituras e discussões, a obra inova no formato ao apresentar capítulos curtos — que podem consistir em apenas uma frase — e textos enxutos e marcantes.

A escrita sempre presente

Nascida em Fortaleza, Marília se graduou em Letras na Universidade Estadual do Ceará (Uece) e concluiu o mestrado em Literatura pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Atualmente, é também professora, redatora publicitária e cronista.

Marília conta que, ainda na infância, se mudou diversas vezes pela capital cearense com a família. Assim, um lugar onde ela se fixou foi Guaramiranga, município na serra de Baturité. Por lá, Marília passava quase todos os fins de semana e férias da escola.

“Lá o espaço para a imaginação e para o exercício criativo não tinha muros, paredes, limites. Essa experiência ampliou a minha percepção dos seres, dos ambientes e com certeza me aproximou do universo da escrita, ainda que o registro disso tenha se concretizado muitos anos depois”, relembra a autora em entrevista ao g1.

Olhando em retrospectiva, ela identifica que a escrita já acontecia dentro de si. Foi por meio da leitura que ela descobriu, livro a livro, que aquela seria a sua forma de se expressar no mundo.

“A pulsão para a escrita surge cedo e cresce dentro da gente, à espera da oportunidade de se manifestar”, revela.

Uma redação feita no Ensino Médio mudou os rumos para ela. Como lembra Marília, foi a professora Tereza Araripe que se encantou com o texto e inscreveu o material em um concurso nacional de crônicas estudantis. E deu certo: Marília viajou para o Rio Grande do Sul na adolescência para receber o prêmio.

Com informações do G1 Ceará.