quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Professor cearense que descobriu fósseis de dinossauro carnívoro vai ganhar 'Oscar' da Paleontologia

Foto Flaviana Lima
Crato, década de 1960. De olhos atentos, o menino Álamo Feitosa Saraiva observa homens valentes tangendo o gado leiteiro criado pelo pai. A admiração é tanta que ele sonha com a mesma profissão: ser vaqueiro no Cariri cearense. Mas os caminhos da vida o levarão a desbravar os segredos escondidos por baixo do solo pisado pelas vacas e bois e a receber, décadas depois, a premiação considerada o “Oscar” da Paleontologia mundial.

Álamo foi agraciado neste ano com o prêmio Morris F. Skinner, que será entregue no mês de novembro. Concedido pela Sociedade de Paleontologia de Vertebrados (SVP) dos Estados Unidos, ele leva o nome de um importante paleontólogo americano que viveu entre 1906 e 1989 e contribuiu para o acervo do Museu de História Natural de Nova York. Em seus 24 anos de existência, a distinção nunca havia sido concedida a um brasileiro.

Quando Skinner faleceu, Álamo havia acabado de finalizar a graduação em Ciências Biológicas na Universidade Regional do Cariri (Urca) e nem pensava em investigar fósseis da Chapada do Araripe - formação geológica na divisa entre Ceará, Pernambuco e Piauí riquíssima em peças oriundas do período Cretáceo, há mais de 100 milhões de anos.

“Até os 14 anos, o que eu queria era ser vaqueiro”, rememora Saraiva em conversa com o Diário do Nordeste. “Mas sempre fui um cara ligado à natureza: pegava peixes nos riachinhos e fazia criatórios, fazia coleção de conchas e de insetos”.

Ele até pensou em seguir para a Botânica, mas teve grande influência do professor Plácido Cidade Nuvens, então vice-reitor da Urca, para enveredar pela Paleontologia. Na década de 1990, já professor da instituição, Álamo passou a ir a campo com paleontólogos famosos, como Diógenes de Almeida Campos e Alexander Kellner. “Tive um curso rápido estilo ‘Seja paleontólogo em 10 aulas práticas’”, conta entre risadas.

Com informações do Diário do Nordeste.