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Andando pelos caminhos abertos em meio aos montes de lixo, entulhos, podas de árvores, com a presença constante de urubus, vestindo roupas longas, protegendo a cabeça com boné ou mesmo chapéu, além da fumaça e moscas, é o ambiente de trabalho e a forma de se vestir dos catadores de materiais recicláveis, no lixão de Iguatu, local de deposição de lixo, às margens da CE 284, no bairro Chapadinha.
Por lá, encontramos Rosimeire da Silva, 45, que desde a infância cresceu vendo aquela montanha de lixo desorganizada invadir cada vez mais a região, poluindo e degradando o local. Mas, é de lá que muitas famílias da comunidade passaram a tirar o sustento, e não foi diferente para Zefinha, como é conhecida Rosimeire. “Eu nasci na Chapadinha, mas vivi até os 7 anos, em Barrocas, no Alencar.
Após o falecimento do meu pai, em 1986, a gente voltou para cá. Desde daí moro aqui na Chapadinha”, lembrou, contando que a relação da família com o trabalho de coleta de materiais recicláveis no lixão começou com a mãe dela, que, por conta das dificuldades financeiras, passou a trabalhar no local. “Foi a fonte de renda que minha mãe encontrou para terminar de criar a gente.
Com o passar do tempo, depois através do meu esposo, que já trabalhava aqui, fez com que eu viesse para cá”, contou enquanto separava materiais recolhidos, à espera do caminhão compactador de lixo.
100 catadores
No local a disputa pelo material é intensa. Segundo dados da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Iguatu, aumentou a presença de pessoas engajadas na coleta, são cerca de 100 catadores, cuja presença maior é feminina. “É um trabalho árduo, com muita dificuldade, não só para as mulheres, mas também para os homens, a gente busca fazer da maneira mais segura possível, evitando os acidentes, se prevenindo da maneira que pode”, pontuou.
Zefinha explica que em meio a essa disputa por materiais, gera o aumento da renda, isso dependendo do tipo material coletado. “A nossa renda varia muito. Tem época que o material sobe de preço, aumenta o material, mas também tem período que o preço cai, o material fica escasso.
Agora aumentou muito número de catadores. E aqui é única fonte de renda certa que a gente tem é essa, que é completada com os auxílios, tem o Bolsa Família, e o Auxílio Catador. A gente não consegue atingir um salário mínimo, mas esses auxiliam ajudam a gente a ir levando como dá certo”, explicou a catadora que também conta com o trabalho do marido, com quem cria os cinco filhos.
O casal antes fazia alguns ‘bicos’, ela trabalhando de diarista e o esposo de ‘chapeado’, carregador de caminhão. “Não compensa mais fazer, além de se dividir em outra jornada. O que pagam para a diarista não compensa. Aqui mesmo, com toda dificuldade, a gente consegue tirar uma renda suficiente para sustentar a família”, destacou.
Com informações do Jornal A Praça.