sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Além do sustento: o papel das marisqueiras para preservar a tradição e o meio ambiente no Ceará

Foto Thiago Gadelha / SVM
Nascidas e criadas em águas doces e salgadas. É como se definem as marisqueiras Silvia Nunes, 48, e Ila Maria, 57, da Praia do Batoque, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza. Elas, que “herdaram” o mar e o rio de pais e avós, perpetuam relações sociais e econômicas indissociáveis do ecossistema marítimo, assim como outras 31 mulheres dessa comunidade cearense de 190 pescadores artesanais.

Os peixes e mariscos capturados por elas vão parar no prato das barracas de praia. Contudo, quando a pesca é escassa para a comercialização, permanece na mesa das marisqueiras ou vira item de troca por farinha, manga, jambo e outros alimentos entre os moradores da região.

Além da renda familiar, elas trabalham pela proteção da praia e dos manguezais. Também é em torno das águas que as mulheres do mar do Batoque se reúnem para festejar e fortalecer o senso comunitário.

Nesta sétima reportagem da série “Economia do Mar”, abordamos a pescaria artesanal como importante fonte de sustento e de autonomia financeira dessas cearenses, mas também como elas desenvolvem importante papel de preservação do meio ambiente. O especial integra o projeto Praia é Vida, promovido pelo Sistema Verdes Mares (SVM), com foco na valorização e na sustentabilidade desse meio indispensável para múltiplas formas de vida.

OS FRUTOS DO MAR VÃO ALÉM DO SUSTENTO

A marisqueira Silvia Nunes, de 48 anos, cresceu vendo o pai José Emílio de Aquino, de 71 anos, o “Rouxinol", e a mãe, Maria Nunes dos Santos, de 74 anos, a dona Ieda, ganhando a vida no mangue e no mar. Decidiu que também tiraria de lá o seu sustento.

Há um tempo, todavia, veio para a Capital tentar trabalhar como cuidadora de idosos, mas logo voltou. Sentiu falta da liberdade e do mar. “Eu me criei dentro d’água. Meus pais me levavam, e eu ficava no rasinho com um balde", lembra. "Essa minha relação com o mar e com o rio é muito profunda”, frisa.

Com informações do Diário do Nordeste.