sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Cearenses abrem as portas de suas casas de ferro para mostrar como é viver em contêineres

.Foto Fabiane de Paula
Tijolo e cimento alicerçam nossa relação com a moradia – seja casa ou apartamento –, mas caixas metálicas empilhadas também constroem lares para alguns fortalezenses e causam curiosidade por quem passa pela Rua Tenente Benévolo. Lá está o primeiro condomínio de contêineres da capital cearense

Quem vê as estruturas montadas, e agora os convidados dos moradores, listam dúvidas sobre o calor, a estabilidade da estrutura e a divisão do espaço. Afinal, viver numa ‘casa de ferro’ no Ceará, conhecido por ter um Sol para cada cabeça, ainda é novidade.

Mas bastou conhecer o lugar para o psicanalista André Gomez, de 50 anos, garantir uma das 20 unidades do Residencial Gerardo Campos, inaugurado há 6 meses. São quitinetes de 15m², 18m² e 30m² com isolamento térmico e pintura para proteger o metal do Sol.

“As pessoas têm curiosidade, e eu mesmo pensei: ‘um contêiner em cima do outro, qual a estabilidade disso?’. Mas tem o próprio peso, os limites técnicos e também são fixados um no outro. As escadas estão numa estrutura bem sólida e você não sente nem balançar”, frisa.

São quase 3 meses vivendo no local, mas ainda há ajustes para fazer. André optou pelo tamanho menor e enxerga com uma nova lente os livros, roupas e objetos pessoais na busca de uma boa organização. Uma parte deles, já foi doada.

“Já morei em apartamento com dois quartos, na casa da minha mãe que tem quatro quartos e em quitinetes, em São Paulo e em Brasília. Também morei em um quarto alugado na Espanha. A questão, é adaptar os objetos ao espaço que se tem”

André amontoa algumas telas pintadas por ele encostadas numa estante, porque o material que reveste as paredes não permite a fixação de itens pesados. Cabides e aparelhos eletrônicos mais leves são presos com auxílio de fita.

“Essa estrutura de PVC não suporta, por exemplo, um quadro. Mas já tem armadores, devido a nossa cultura do Ceará, para armar redes na estrutura do contêiner”, pondera.

Com informações do Diário do Nordeste.