Foto Bio-Manguinhos |
A disseminação da varíola dos macacos por vários países tem preocupado as autoridades de saúde porque a maioria da população não tem defesas contra a doença. No Brasil, não há produção desse tipo de imunizante, mas a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) assegura que possui capacidade instalada para fabricá-lo de forma emergencial.
Como exemplo, o órgão cita “sua capacidade científica e tecnológica conseguindo se mobilizar rapidamente para a produção da vacina Covid-19 nacionalizada”, a Astrazeneca/Oxford, que começou a ser feita no país em julho de 2021.
No novo cenário, primeiro, seria preciso garantir a tecnologia biológica, já que a vacina parou de ser produzida no país porque a varíola humana foi erradicada em 1971, e as campanhas foram extintas. O Instituto Oswaldo Cruz (IOC) fabricava o imunizante contra a doença desde 1922.
Em nota enviada ao Diário do Nordeste, a Fiocruz explicou que, em 2001, participou de discussões com o Ministério da Saúde para restabelecer a produção nacional da vacina contra a varíola. Contudo, “houve entendimento de que havia uma segurança relativa pela existência de um estoque estratégico na OMS, nos EUA e na Rússia”.
Naquele momento, a retomada ficou em segundo plano. Hoje, a Organização Mundial da Saúde (OMS) defende que a vacina tradicional - e que teve a produção em larga escala interrompida - tem até 85% de eficácia contra a varíola dos macacos.
LICENCIAMENTO DA VACINA
A virologista Clarissa Damaso, professora do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que a mesma vacina protege contra todos os vírus que são do mesmo subgrupo. A fabricação nacional dependeria da reaquisição de tecnologia.
“Agora ela não existe mais no Brasil licenciada. A gente precisa comprar no exterior e licenciar aqui. A varíola foi combatida com vacina e também com programa eficaz que traçava os contatos e isolava as pessoas”, afirma.
Segundo a especialista, a transmissão ocorre via contato com a pele, lesões, secreções orais e respiratórias. O ideal é haver isolamento até as crostas na pele secarem e caírem. “Ela pegou de surpresa porque é a primeira vez que temos uma cadeia de transmissão tão longa fora da África”, aponta.
Com informações do Diário do Nordeste.