sexta-feira, 20 de maio de 2022

Com 42 psicólogos para 1,3 mil escolas públicas, alunos do Ceará reforçam carências por serviço

Foto José Leomar
Nas salas de aula há crianças e jovens com ansiedade, com depressão, angustiados. Carentes de apoio emocional e psicológico. Os planos de educação (o nacional, o estadual - no Ceará - e o municipal - de Fortaleza) preveem que as escolas devem ter psicólogos, embora não especifiquem quantidades. A Lei Federal 13.935/2019, reitera a determinação. Mas, na prática, em meio às muitas demandas o trabalho nas escolas carece de fortalecimento.

A rede pública estadual, que tem 406 mil alunos matriculados em 2022, conta com 30 psicólogos educacionais nas 20 Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação (Credes) e na Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza (Sefor), segundo a Secretaria Estadual de Educação (Seduc).

Já em Fortaleza, o Serviço de Psicologia Escolar da rede pública municipal teve início no segundo semestre de 2020. A Secretaria Municipal de Educação (SME) afirma que são 12 profissionais de psicologia, além de dois estagiários recém-contratados neste trabalho. A rede tem 244 mil alunos em 608 unidades escolares.

A estimativa da SME é que outros 10 universitários devem ser incorporados em breve para também atuarem no serviço, mas não há especificação de prazos.

No dia a dia, equacionar a situação dos alunos, a quantidade de escolas, o número de estudantes e de profissionais e o volume da demanda é missão difícil.

No ano letivo de 2022, período que, até o momento, é o mais regular dos últimos anos, a necessidade de apoio psicológico é ainda mais evidenciada nas unidades.

Rede Pública Estadual - Ceará

Escolas: 746

Alunos: 406 mil
Professores: 13,5 mil
Psicólogos educacionais: 30

Rede Pública Municipal - Fortaleza

Unidades escolares: 608
Alunos: 244,5 mil
Professores: 11,7 mil
Psicólogos educacionais: 12
NERVOSISMO E ESTRESSE

Em Fortaleza, na Barra do Ceará, a estudante Rayssa Braga Medeiros, 16 anos, conta que na Escola Estadual de Educação Profissional Marvin, é perceptível situações em que há “nervosismo coletivo” e um “estresse intensificado”.

Problemas que já existiam ganharam ainda mais notoriedade após 2 anos de ensino remoto/híbrido.

"Notamos que os alunos precisam de atendimento psicológico e os pais muitas vezes não ajudam. Muitas pessoas pararam de estudar na pandemia e estão voltando agora. Ficam nervosas quando escutam os professores dar bronca. Muitos estão com fobia social. É realmente necessária a presença de psicólogos para ajudar”.

RAYSSA BRAGA MEDEIROS

Estudante

De acordo com Rayssa, há 2 meses, ela também viveu uma experiência ruim, uma espécie de crise de ansiedade na escola. “Íamos ter um seminário e houve desentendimento entre alunos e a professora, ficou um clima horrível e eu e mais sete garotas nos sentimos muito mal. Ficamos tensas, enjoadas, nervosas”, relata.

A coordenação foi acionada, relata ela, a professora e alunas tiveram um ciclo de conversa e conseguiram resolver o problema. “Nós, como estudantes, precisamos muito de apoio psicológico. Muitos estão entrando de novo na escola. Reaprendendo. É um estresse e não estamos sabendo lidar. Vários alunos não têm apoio psicológico em casa e procuram na escola”, completa.

Com informações do Diário do Nordeste.