Após o surgimento de aplicativos de transporte urbano, houve a possibilidade de mulheres ocuparem um espaço que antes era exclusivo de homens – os taxistas. Aqui em Iguatu, temos um exemplo: Gisele Martins de Freitas, 41 anos, e que há quatro anos está na atividade.
“Ser motorista de aplicativo de transporte urbano traz admiração entre os homens, quando vê uma mulher dirigindo”, conta. “Mas quando a viagem termina, eles parabenizam, dizendo que a gente dirige bem”.
Há aquele preconceito arraigado na sociedade de que “mulher no volante é barbeira”. Entretanto, Gisele Martins e mais três que estão no aplicativo RAP 10 vêm superando com tranquilidade essas ideias, que ainda perduram. Ao todo, são 60 veículos cadastrados – quatro mulheres e 56 homens.
Gisele Martins diz trazer no sangue o gosto e o jeito de ser motorista. “Meu pai e meu avô eram motoristas de caminhão”, contou. Ela estudou no Centro Educacional Ruy Barbosa, onde concluiu o ensino fundamental, já o ensino médio cursou no Colégio JBC.
Aos 16 anos, começou a trabalhar na indústria de calçados Dakota. “Trabalhava de dia, na esteira, no serviço de finalização de embalagens, até os 19 anos, e estudava à noite”, disse. “Em seguida, trabalhei por um ano como consultora de venda, no Boticário”.
Desafios e superação
Gisele Martins tem uma história de vida de superação de desafios. Após tratamentos e exames médicos apontarem a impossibilidade de maternidade, ela decidiu adotar uma criança, com apoio de colegas de trabalho.
Aos quatro meses de idade do bebê, veio um diagnóstico que mudou a vida de Gisele Martins: a criança apresentava paralisia cerebral em decorrência de complicações e atraso no parto.
“Foi um choque, foi difícil receber o diagnóstico porque o médico frisou secamente que ele não iria falar e nem andar”, pontuou. “Fiquei desesperada”.
Mediante a situação, ela decidiu largar tudo para dar atenção integral ao filho. “Com força e fé em Deus e um apoio incondicional do meu marido Roberto, venci”, frisou. “A série de terapias trouxe progresso relativo para a criança, que hoje aos 14 anos, anda, fala e já lê algumas palavras”.
Foi nesse período de participação diária na clínica de fisioterapia que Gisele Martins observou a necessidade que outras mães de crianças com deficiências – alguns cadeirantes – apresentavam para conduzirem os filhos em moto-táxi.
Nesse período surgiu em Iguatu o aplicativo Ibora e Gisele se cadastrou. “Meu esposo mais uma vez me deu forças”, pontuou. Posteriormente, foi implantado o RAP 10 e hoje um grupo de cinco sócios administra o aplicativo.
O trabalho de Gisele é diário e começa cedo. Por volta de 5h da manhã já está pronta para sair de casa e conduzir as clientes com horário agendado. “Gosto muito do que faço, estou animada e preciso trabalhar, ter renda para ajudar na despeja da família”, disse. “A maioria dos clientes é mulher que se sente mais confortável com uma motorista, mas no nosso aplicativo, até hoje, nunca houve caso de assédio, cantadas, desrespeito”.
Com informações do Jornal A Praça.