sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Pré-estação: Ceará tem janeiro mais chuvoso dos últimos seis anos

O mês de janeiro ainda nem chegou ao fim e já é considerado o mais chuvoso dos últimos seis anos no Ceará. Dados parciais da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) mostram que até esta última quinta-feira, 27, o volume médio de precipitações no Estado havia chegado a 142,2 milímetros (mm). O índice é o maior desde de 2016, ano em que foram registrados 189,6 mm. Contudo, como restam quatro dias para o fim do mês, é possível que ainda haja crescimento do acumulado atual.

O cenário se mantém favorável para chuvas desde o começo do ano. As primeiras precipitações ocorreram no dia 2, em cerca de 87 municípios, entre eles Jijoca de Jericoacoara, que teve ruas destruídas e casas invadidas pela água devido à força da correnteza. De lá para cá, as águas de 2022 já banharam todas as 184 cidades cearenses. Na média, o acumulado registrado até agora supera em 30% a normal climatológica do mês, que é de 98,7 mm.

Segundo a Funceme, os volumes de chuva registrados em janeiro são positivos em todas as macrorregiões do Ceará. Os números são mais expressivos no Maciço do Baturité, que já acumula 210,8 mm, cerca de 119% a mais do que o esperado para o mês inteiro. O Litoral de Fortaleza e o Cariri também registraram bons volumes, com 192 mm e 186,5 mm, respectivamente. No ano passado, nesse mesmo período, não havia nenhuma região cearense com chuvas acima da média.

De acordo com o meteorologista da Funceme, Bruno Rodrigues, as precipitações registradas no Ceará no primeiro mês do ano estão diretamente relacionadas com a predominância de dois fenômenos meteorológicos típicos da pré-estação chuvosa no Estado. “Podemos atribuir esse cenário à aproximação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que favorece a formação de áreas de instabilidade, principalmente no Interior, e à presença dos vórtices ciclônicos em altos níveis (VCAN), que acabam colaborando para a formação de nuvens de chuva sobre o Ceará”.

Embora o fim da pré-estação, que vai de novembro a janeiro, seja marcado por altos níveis de pluviometria, o especialista observa que ainda não é possível cravar que o período da quadra chuvosa, entre fevereiro e maio, também será de chuvas acima da média. “A pré-estação não tem qualquer ligação com a estação chuvosa. Os fenômenos que predominam em um período perdem força no outro. São tempos distintos, por isso os cenários meteorológicos mudam bastante”, explicou.

Mesmo cauteloso, Rodrigues ressalta que a quadra chuvosa poderá registrar bons acumulados caso haja a prevalência de um sistema meteorológico conhecido como Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). “Esse fenômeno costuma atuar, principalmente, a partir da segunda quinzena de fevereiro e predomina até a primeira quinzena de maio, quando começa a diminuir a intensidade. Estamos na expectativa que por ele neste ano, mas ainda assim não temos como cravar se esse cenário vai se confirmar”, comenta o meteorologista.

Em 2021, embora janeiro tenha registrado chuvas abaixo da média no Ceará, o período da quadra chuvosa teve precipitações dentro da normal climatológica. No total, entre fevereiro e maio, foram 532 mm, segundo dados da Funceme. Por outro lado, em 2016, quando as chuvas de janeiro ficaram acima da média, a quadra chuvosa registrou apenas 317,4 mm, volume 47% abaixo do normal.

Para este ano a Funceme prevê que, entre fevereiro e abril — três primeiros e mais importantes meses da quadra chuvosa —, o volume de precipitações no Estado tem 40% de chances de ficar acima da média histórica para o período. A possibilidade de chuvas escassas é de apenas 20% no mesmo intervalo.

Com informações do O Povo.