Cidades com mais de 1.500 milímetros de chuva acumulado ao longo de 2021, e outras cujo volume observado não chegou a 300 milímetros no ano. O Ceará não possui uma homogeneidade quando se refere a pluviometria. São regiões com chuvas dentro da média, outras com precipitações abaixo e, em algumas localidades, pluviometria com volumes consideráveis.
Mas, o que explica essa ausência de padrão nas chuvas no Ceará? Qual foi a cidade com maior média de volume de chuva observado ao longo dos 365 dias de 2021? E qual o município que menos choveu? Das oito macrroregiões em que a Funceme divide o Estado, qual recebeu o maior volume acumulado?
O Diário do Nordeste entrevistou um grupo de meteorologistas que explica os motivos de uma determinada região ser mais propícia a receber chuvas em detrimento de outras, e realizou um levamento exclusivo sobre os volumes pluviométricos de cada uma das 184 cidades.
APENAS CARIRI ACIMA DA MÉDIA
Das oito macrorregiões do Estado, apenas o Cariri terminou o ano com chuvas acima da média histórica anual. Na região, a normal climatológica é de 904 milímetros e, em 2021, a Funceme registrou 939,6 mm, um desvio positivo de 3,5%.
Essa positividade nos índices decorre, conforme explica o grupo de especialistas que compõem o Setor de Meteorologia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), da influência de áreas de instabilidades que o Cariri sofre proveniente do interior do Nordeste do Brasil, na pré-estação chuvosa do Ceará (dezembro e janeiro).
"Os sistemas neste período que auxiliam para formação dessas instabilidades são as frentes frias, os Vórtices Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) e a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS)", explica o grupo. Esses fatores favorecem as chuvas na região.
O meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Flaviano Fernandes, acrescenta que o Cariri é a região em que as chuvas começam a cair mais cedo, já no fim de novembro - antes mesmo do início da pré-estação chuvosa, que se inicia em dezembro e termina em janeiro - e segue até o fim da quadra chuvosa, em maio.
Essa janela estendida de precipitações geralmente favorece com que a macrorregião feche o ano com chuvas dentro ou acima da média histórica. Contudo, não é uma regra.
Em 2019, por exemplo, Cariri encerrou aquele ano com precipitações 13% abaixo da média. Já no ano passado, a macrorregião fechou com 25% acima da média (1.134 mm), com índices ainda superiores aos de 2021.
No lado oposto, está a macrorregião do Sertão Central e Inhamnus, com o menor volume observado (555,9 mm) dentre as oito. Já o maior desvio negativo, isto é, a maior diferença entre a chuva registrada neste ano em comparação à média histórica, o Litoral do Pecém lidera. Naquela macrorregião, a Funceme anotou o acumulado de 619,1 mm, ficando 28,4% abaixo da média histórica.
Atrás do Cariri, completam a lista das quatro macrorregiões com maiores volume de chuva acumulados no ano o Maciço de Baturité (917 mm), Litoral de Fortaleza (909 mm) e Litoral Norte (816 mm).
O setor de meteorologia da Funceme explica que o fato de as macrorregiões localizadas na faixa litorânea apresentarem maiores acumulados "está relacionada à proximidade do oceano Atlântico, devido a circulação dos ventos transportarem umidade do oceano para o continente. Este mecanismo é primordial para formação de precipitações".
Já para as macrorregiões do Maciço de Baturité, da Ibiapaba e do Cariri, "a influência da topografia elevada é o que favorece a formação de nuvens convectivas, as quais muitas vezes, podem ser responsáveis pelos maiores acumulados", acrescenta a Funceme.
Com informações do Diário do Nordeste.