Em um País com dimensão continental, como é o Brasil, as diferenças climáticas entre estados é singular. Enquanto o Sudeste e Sul brasileiro enfrentam frio com geada e neve, o Ceará vivencia altas temperaturas em julho.
Neste mês, a cidade de Redenção registrou a quinta mais alta temperatura de 2021. Por lá, os termômetros marcaram 39.1º Celsius no último dia 25. Este também foi o maior índice de julho deste ano.
Aquele dia, cuja sensação térmica ultrapassou a marca dos 40 graus, só ficou atrás das temperaturas registradas em Jaguaribe (39.2ºC) em 11 de fevereiro; Barro (39.4ºC), no dia 7 de janeiro e da própria cidade de Redenção, que registrou 40.5º em 25 de fevereiro e 40.6º no dia 16 de janeiro, o recorde do ano.
Os dados foram fornecidos pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a pedido do Diário do Nordeste.
Já neste mês de julho, além de Redenção, o município de Barro, no Sul cearense, e a cidade de Jaguaribe também ficaram entre as mais altas temperaturas.
Os municípios de Jaguaruana, na região do Vale do Jaguaribe, e Sobral, no Norte do Estado, completam a lista dos cinco mais altos índices do mês. Com exceção de Redenção, todas as temperaturas foram registradas no dia 19 de julho.
TEMPERATURAS EXTREMAS NO ANO:
40.6ºC - Redenção: 16 de janeiro
40.5ºC - Redenção: 25 de fevereiro
39.4ºC - Barro: 7 de janeiro
39.1ºC - Redenção: 25 de julho
39.2ºC - Jaguaribe: 11 de fevereiro
TEMPERATURAS EXTREMAS EM JULHO:
39.1ºC - Redenção: dia 25
38.4ºC - Jaguaribe: dia 19
38.1ºC - Barro: dia 19
37.2ºC - Jaguaruana: dia 19
37.1ºC - Morada Nova: dia 19
CEARÁ SEM CHUVAS HÁ 10 DIAS
Segundo a Funceme, essa onda de calor é comum no Ceará neste segundo semestre do ano. Com a redução das chuvas no segundo semestre, é comum a elevação das temperaturas máximas médias no Ceará.
Há dez dias, o Ceará não tem chuva em mais dez cidades. A última vez foi em 19 de julho, quando a Funceme registrou pluviometria em 21 municípios, sendo o maior volume em Maracanaú (24 milímetros).
A gerente de Meteorologia da Funceme, Meiry Sakamoto, explica que apesar dessas temperaturas extremas registras em algumas cidades cearenses, "foram [registros] pontuais e não ocorreram de forma contínua".
Ela detalha que co Ceará, o segundo semestre é caracterizado pela baixa nebulosidade, e isso contribui para aumentar a incidência de radiação solar, "daí as temperaturas máximas registradas serem mais altas nessa época do ano".
No caso das altas temperaturas, o pico costuma acontecer por volta das 14h, já os valores mínimos são normalmente registrados em torno das 6h da manhã. "A temperatura do ar varia ao longo do dia", pontua. Para o mês de julho, apesar das temperaturas extremas registradas, a média é inferior. Em Sobral, por exemplo, de 33º e, em Fortaleza, média de 29,5ºC.
EFEITOS E DANOS
Sakamoto explica que as altas temperaturas além de acelerarem a evaporação da água dos açudes contribuem para a propagação dos incêndios vegetais.
No intuito de minimizar esses danos ambientais, a Funceme integra o Programa de Prevenção, Monitoramento, Controle de Queimadas e Combate aos Incêndios Florestais (Previna), coordenada pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Ceará (Sema).
O órgão "tem sob sua responsabilidade o monitoramento, por satélites meteorológicos, de focos de calor que podem representar possíveis queimadas ou incêndios florestais ao longo do território cearense, e das condições meteorológicas à superfície que facilitam a ocorrência e a propagação do fogo na vegetação".
"Além disso, a Funceme contribui diretamente com o Corpo de Bombeiros subsidiando com dados de monitoramento dos focos de calor", ressalta Meiry.
Ela acrescenta que, "em atendimento à demanda do próprio Corpo de Bombeiro, [a Funceme] realiza pesquisas para desenvolver sistema de previsão de risco de incêndios florestais baseado em dados meteorológicos e resultados de modelos numéricos de previsão de tempo".
RISCOS À SAÚDE
As altas temperaturas, aliadas à baixa umidade relativa do ar, formam uma atmosfera que pode ser danosa à saúde. Essa combinação de fatores pode causar ressecamento das vias áreas, sobretudo do nariz e da traqueia.
Para se proteger dos efeitos, especialistas recomendam alta ingestão de líquidos, uso de hidratantes e colírios lubrificantes, e abrigo do sol entre as 10 e 16 horas.
A médica Luana Barbosa explica que os efeitos sentidos neste período variam de organismo para organismo. Algumas pessoas tendem a não sentir tanto, já outras, as mais sensíveis, podem acabar desencadeando bronquite e rinite como exacerbando a asma.
"Na baixa umidade do ar ocorre uma maior perda de líquido. Se não reposto devidamente, a pessoa pode ter problemas de saúde”, destaca. Ela acrescenta que essa perda, em dias de calor intenso e baixa da umidade do, é ainda mais acentuada no momento da respiração e também pelo suor da pele.
Outros problemas que decorrem da baixa umidade relativa do ar, ainda segundo a médica, são complicações alérgicas e respiratórias devido ao ressecamento de mucosas, sangramento pelo nariz e irritação dos olhos.
BAIXA UMIDADE
A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica como ideal a umidade do ar que varie entre 50% e 80%. Quando os níveis estão entre 20% e 30%, as regiões entram em estado de atenção. Abaixo de 20% o estado é de alerta.
De acordo com a gerente de Meteorologia da Funceme, Meiry Sakamoto, a umidade e a temperatura do ar são inversamente proporcionais uma à outra, ou seja, nos horários com as maiores temperaturas, principalmente no início da tarde, registra-se a menor umidade relativa do ar, principalmente no interior do estado.
Áreas interioranas apresentam umidade relativa do ar mais baixa quando comparadas ao litoral devido à continentalidade, ou seja, a distância do oceano. Além disso, contribuem as condições predominantemente mais secas do solo e da vegetação reduzindo a evapotranspiração para a atmosfera.
Meiry Sakamoto
Em julho deste ano, as quatro mais baixas umidade relativa do ar foram no Interior. Morada Nova (23%) lidera, seguida por Jaguaruana (24%), Crateús (30%) e Iguatu (31%). A capital cearense fecha a lista, com umidade relativa do ar em 44%.
Com informações do Diário do Nordeste.