domingo, 25 de julho de 2021

Em Iguatu, rio Jaguaribe acumula destruição de mais de 2 hectares de mata ciliar e barreiras

O rio Jaguaribe, o mais extenso e um dos mais importantes do Ceará, sofre degradação histórica, e uma das áreas afetadas está na zona rural de Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará. Uma área de mata ciliar, na margem direita do curso do rio, na localidade de Tambiá, teve mais de dois hectares destruídos. Plantas nativas foram arrancadas pelo tronco. Raízes expostas denunciam o rastro da degradação.

O levantamento foi divulgado pela Secretaria do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Proteção Animal de Iguatu neste fim de semana. De acordo com a Pasta, o objetivo é a extração de areia mais fina do que a encontrada no leito do rio para uso em construção civil (emboço ou reboco de paredes).

De acordo com o gestor da Secretaria, Mário Rodrigues, “duas empresas responsáveis pelo desmatamento e retirada irregular de areia foram autuadas por irregularidades”.

A estratégia usada pelos autores do crime ambiental ocorre nos fins de semana. “Eles aproveitam os dias sem expediente regular e agem no período noturno para fazer a extração irregular de areia”.

O secretário disse que uma semana antes da destruição da mata nativa visitou a área. “A mata estava de pé, mas agora vemos uma situação triste”, lamentou. “Os responsáveis serão punidos conforme a lei”.

ÁREA DEVASTADA

O rio Jaguaribe, no município de Iguatu, tem 46 km de extensão. Apenas 4% dessa área é preservada com mata nativa, segundo levantamento feito pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), campus de Iguatu, em 2020.

O restante da mata ciliar está devastada e sofre degradação diária – recebe dejetos, esgotos, lixo e entulhos, além da extração irregular de areia.

“É uma situação lamentável e que nos preocupa porque a cada ano o problema da degradação só aumenta”, frisou o biólogo e ambientalista, “Precisamos de políticas públicas de educação, medidas concretas devem ser implantadas, assim como maior rigor na fiscalização”.

Os ribeirinhos e agricultores que vivem e trabalham em áreas agrícolas próximas às margens do rio também demonstram temor com o avanço do rio sobre as terras produtivas. “É uma situação preocupante, a gente depende do rio para ter água para o gado, para irrigar a pastagem”, relatou o agricultor José Tallyson de Souza.

Neste fim de semana, fiscais da secretaria do Meio Ambiente, com apoio da Guarda Municipal, intensificaram a fiscalização no rio. “Eles procuram areia mais fina que tem maior valor de venda e para isso destroem as barreiras com a mata ciliar”, reforçou Mário Rodrigues.

Com informações do Diário do Nordeste.