sexta-feira, 25 de junho de 2021

Artista plástico cearense expõe série de obras em bienal no Equador

Amassar um pedaço de papel para jogá-lo no lixo é um ato aparentemente banal, mas para o artista plástico José Guedes essa ação espontânea foi o ponto de partida da sua série “Fênix”. A mostra está presente na Bienal Nomade, que começou nesta semana em Guayaquil, no Equador, e segue até 18 setembro com artistas de 17 países.

Fênix é resultado de um mergulho profundo na história da arte realizado nos últimos anos por Guedes. Nas profundezas da arte, o cearense joga entre a destruição e reconstrução de obras consagradas de artistas com personalidades marcantes.

É quase uma representação simbólica de um desejo de reconstruir o mundo

José Guedes

artista plástico

Na exposição, José apresenta 12 obras da série com foco no trabalho “Los Caprichos” do espanhol Francisco Goya. A Bienal Nomade está presente em três museus equatorianos: MAAC, Nahím Isaías e Presley Norton.

“Nesse amassado eu busco uma nova construção daquele trabalho. A partir desse momento existe um renascimento que faz alusão ao Fênix. A história da arte passa por um processo de destruição e de reconstrução dentro da minha ótica”, explica o artista plástico.

A partir do trabalho do pintor espanhol, Guedes realiza uma sátira da sociedade brasileira. Em “Los Caprichos”, Goya ironiza a comunidade espanhola do final do século XVIII, sobretudo o clero e a nobreza. Ao reconstruir essa obra, o artista plástico cearense estabelece uma relação entre o contexto da Espanha durante o iluminismo e do Brasil atual.

“O momento é parecido com o nosso, inclusive com relação à religião. Hoje nós temos o uso da religião de uma maneira distorcida. A nossa sociedade vive um momento muito crítico. A minha ideia no final de tudo é transformar oitenta obras do Goya numa obra só. Já tenho todas elas trabalhadas e selecionei doze para a Bienal, fazendo esse link entre a obra dele para o que estamos vivendo hoje”, acrescenta.

TRIDIMENSIONAL

Guedes estava trabalhando com uma imagem fotográfica renascentista quando se deu conta de que ela estava em baixa resolução. Depois de amassá-la, o artista percebeu que estava em suas mãos uma obra “bem resolvida do ponto de vista estético”. “Eu tinha feito naquele ato completamente espontâneo uma recriação daquela obra”, completa.

Com informações do Diário do Nordeste.