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De janeiro a março de 2021, o Ceará registrou somente um único transplante de coração. Em igual período de 2019, antes da pandemia de Covid-19, ocorreram oito transplantes do tipo, conforme dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Apesar de, quantitativamente, ser um número baixo, a queda foi de 87,5%.
Os transplantes de rim também sofreram uma retração significativa, após a chegada do novo coronavírus ao Estado, passando de 71, no primeiro trimestre de 2019; para 41, nos primeiros três meses de 2021. Uma queda, portanto, de 42,25%.
Com retração de 23,21%, as transplantações de fígado saíram de 56, no primeiro tri de 2019; para 43, no primeiro tri deste ano. Em igual período de 2020, foram 55.
As cirurgias de córnea passaram por uma leve queda neste ano, totalizando 195, de janeiro a março. Em 2019, foram 198.
Transplantes de medula óssea e de pâncreas avançam
Dentre os procedimentos cirúrgicos listados pela ABTO, houve incremento apenas nos transplantes de medula óssea e de pâncreas.
As cirurgias de medula saltaram de 17, em 2019; para 27, nos primeiros três meses de 2021. O que representa um aumento de 58,82%, ou o acréscimo de 10 procedimentos.
Entre janeiro e março de 2019 e de 2020, a ABTO indica não constar centro atuante para transplantação de pâncreas no Ceará. Logo, não havia registro de cirurgias do tipo no Estado. Entre janeiro e março de 2021, porém, o órgão apontou para um transplante de pâncreas realizado no Estado.
Considerando transplantes de rim, fígado, coração, pâncreas, pulmão, córnea e medula óssea, o Ceará realizou 350 procedimentos em 2019 e 308 em 2021. De um período para o outro, portanto, houve queda de 12% nas transplantações, ou 42 a menos.
‘Causas múltiplas’ justificam queda
Presidente da ABTO e chefe do Serviço de Transplante Hepático do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), o médico José Huygens Garcia ressalta que o Ceará, assim como todo o Brasil, registrou, de fato, “uma queda grande” no número de transplantes realizados em 2020 e em 2021. As causas dessa redução, segundo ele, “são múltiplas”.
A primeira, elenca, é que os hospitais foram adaptados para receber mais pacientes com Covid-19. Consequentemente, não há leitos vagos ou mesmo segurança para realizar transplantes nesses locais.
Para Huygens Garcia, a segunda onda pandêmica trouxe impactos ainda mais negativos às transplantações. “A primeira onda atingiu os estados de forma heterogênea. Agora [na segunda], foi todo mundo ao mesmo tempo”, compara, lembrando que o Brasil registrou no primeiro trimestre deste ano uma queda de 26% nas doações de órgãos, ante igual período do ano passado.
Com informações do Diário do Nordeste.