Um dia após o decreto de lockdown entrar em vigor, as ruas da cidade de Mombaça, no Sertão-Central cearense, as ruas ficaram vazias e as lojas fechadas nesta sexta-feira (26), exceto os serviços essenciais. A chuva que banhou a cidade no fim da manhã contribuiu ainda mais para o isolamento social. Empresários e moradores concordaram com a medida mais rígida, que segue até 6h do dia (1º) de março.
A medida foi adotada pela Prefeitura de Mombaça após o registro de três mortes por Covid-19 em 24 horas na última terça-feira (23), lotação de hospital municipal e aumento da demanda por atendimento médico nas unidades básicas de saúde. Outro fator determinante foi o percentual de exames positivos. De um total de 113 testes realizados, 75 (56%) confirmaram coronavírus.
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Os dados da secretaria de Saúde do município apontaram crescimento de 22% no número de casos entre o dia 1º deste mês e ontem (25). Eram 1.509 e nesta quinta-feira chegou a 1.833. O número de leitos ocupados no hospital local saltou de dois para 28. Já a quantidade de óbito passou de 42 para 46.
“O quadro vem piorando de forma intensa no município e a solução que encontramos foi adotar medidas mais rígidas por quatro dias”, explicou a secretária de Saúde de Mombaça, Liliane de Alencar. “Estamos monitorando a situação e se não houver melhora poderemos ampliar e endurecer as medidas restritivas”.
Comerciantes concordam
Apesar da crise econômica agravada pela pandemia e ausência do auxilio emergencial que favoreceu a movimentação do varejo, os empresários locais concordam com a adoção do lockdown. “Já fechamos em 2020 e não esperávamos que ocorresse tudo outra vez, mas para segurança da população e para salvar vidas, é o jeito”, disse o lojista, Elivelton Cavalcante. “As vendas caíram pela metade”, complementa.
A aposentada Maria de Lourdes Alves também concorda com a restrição de circulação de pessoas e o fechamento do setor comercial. “Veja que está tudo parado, sem ninguém nas ruas, parece um domingo à tarde, porque antes era um formigueiro nessas duas ruas do Centro”, comparou. “Infelizmente, as pessoas não param em casa”.
Para o empresário Francisco Djacir de Araújo, as medidas deveriam ter sido adotadas anteriormente. “Perdi um amigo de 39 anos e na minha rua tem mais de dez pessoas doentes, sem querer ir para o hospital, porque estão com medo”, disse.
“É melhor ficar em casa, vivo, mesmo com pouco dinheiro, do que na rua e depois doente, correndo risco de morrer”, afirma empresário Francisco Djacir.
O coordenador da Vigilância Sanitária de Mombaça, Vauíres Avelino da Silva, frisou que até o fim da manhã desta sexta não houve registro de desobediência ao decreto de lockdown. Ele avaliou que “a ampla maioria dos comerciantes concorda com as medidas restritivas por receio da situação se agravar ainda mais e porque sabem que é a alternativa para se proteger da pandemia”.
A secretária de Saúde de Mombaça passou a informar nas emissoras de rádio e em veículos de som que “em caso de sintomas de doença respiratória, o morador deve procurar as unidades básicas de Saúde. Ao sentir desconforto respiratório, buscar a unidade hospitalar”.
Proibição
Todas as atividades econômicas que não oferecem serviços considerados essenciais não poderão abrir até o próximo dia 1º. A circulação de pessoas será permitida somente nos seguintes casos: deslocamento para o trabalho, unidades hospitalares ou situação excepcional justificável. Os supermercados poderão abrir para atender em esquema de delivery, mas somente até 20 horas.
Durante a vigência do decreto, igrejas, indústrias e comércio estarão fechados. Estabelecimentos bancários, lotéricas e similares também não poderão abrir nesta quinta (25), e sexta-feira (26).
As empresas que violarem a regra terão de pagar multa de 1 mil a R$ 10 mil, além da interdição imediata do estabelecimento por uma semana. Pessoas físicas também poderão ser multadas em R$ 200.
Com informações do Diário do Nordeste.