Um grupo de 33 venezuelanos é acompanhado em Iguatu, no Centro-Sul cearense, depois de uma passagem por Manaus, no Amazonas, além de outros estados, como Roraima, Pará e Rio Grande do Norte. A preocupação é com a disseminação da nova cepa, variante do coronavírus, no interior do Ceará. Adultos e crianças foram testados para Covid-19 e estão em quarentena.
Os estrangeiros vieram em ônibus de linha regular de transporte de passageiros e, ao sairem da rodoviária, andaram pelas ruas da cidade sem máscara, carregando placas com pedidos de ajuda aos moradores. A situação gerou preocupação da população e de gestores do Município.
Anteriormente, 12 venezuelanos de cinco famílias já haviam se estabelecido em Iguatu e, segundo um dos líderes do grupo, mais famílias devem desembarcar na cidade na próxima semana, oriundas de Mossoró, no Rio Grande do Norte, e de cidades de Pernambuco e da Paraíba.
Considerado o líder do grupo de origem indígena da etnia guaral, Mário Rattia Rattia fez um apelo: “precisamos de comida, roupa, leite, água, fralda, rede e ventilador”.
Espalhados nas esquinas do Centro da cidade em busca de ajuda dos moradores, conseguiram alugar duas casas, onde atualmente estão morando.
Percurso
Eles saíram da Venezuela no ano passado, passaram por Roraima, Belém, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Depois de Mossoró, migraram para Iguatu. “Queremos morar aqui, quatro, cinco anos, e queremos trabalho”, disse Mário Rattia.
A dona de casa, voluntária, Michelle Quirino, já realizava campanha de arrecadação de donativos por meio das redes sociais para cinco famílias que estão instaladas na cidade. “Vai ser preciso ampliar a ajuda porque vieram nesta semana muitas crianças”, observou. “Temos que ser solidários”.
O empresário Expedito Neto disse que “não temos nada contra eles, sabemos que precisam de apoio, donativos, mas com esse crescimento dos casos de Covid, temos de ter cuidado”, pontuou. “Nós solicitamos que a Saúde faça testes para proteção deles e nossa”.
Avaliação
Na manhã desta quinta-feira (25), secretários municipais da Saúde, Segurança e Cidadania e de Assistência Social estiveram reunidos com o objetivo de avaliar a situação dos imigrantes e definir ações necessárias para proteger e atender às necessidades básicas do grupo.
Patrícia Diniz, secretária de Assistência Social, Direitos Humanos e Cidadania, esclareceu que técnicos da pasta, do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e da Vigilância Sanitária visitaram as famílias de refugiados com o objetivo realizar um mapeamento, quantidade de pessoas, faixa etária e necessidades básicas do grupo, além de verificar as condições de saúde.
“Eles não estão em situação de rua e temos de seguir protocolo federal para os refugiados, pois não são simples andarilhos”, pontuou Patrícia Diniz. “Já oferecemos ajuda básica e as campanhas de doações devem ser articuladas com o Creas para proteger e não expor essas pessoas, que devem ter seus direitos básicos assegurados”.
A preocupação é com possíveis atos de rejeição e ofensa, por serem estrangeiros e por temer risco de transmissão de novas cepas do coronavírus. “Temos de trabalhar de forma humanizada e às vezes de forma sigilosa”, disse Diniz.
A secretária de Saúde de Iguatu, Sayonara Cidade, confirmou que “houve muita preocupação com a chegada desse grupo oriundo da região Norte do Brasil”, mas esclareceu que foi feito “um trabalho alinhado, intersetorial, para ver as condições sociais e de saúde deles”.
Os imigrantes fizeram testes para Covid e outros exames laboratoriais também serão encaminhados, segundo explicou Sayonara Diniz. “Vamos aguardar os resultados”, disse. “Eles foram orientados a usar máscara facial e adotar as medidas de prevenção contra a pandemia”.
A Secretaria de Saúde do Ceará informou que participou de uma reunião com representantes da Prefeitura de Iguatu e orientou para o cumprimento do protocolo padrão para estes casos: testagem dos venezuelanos, quarentena, monitoramento dos sistomas, uso de máscara e higienização.
Com informações do Diário do Nordeste.