domingo, 6 de dezembro de 2020

Localização e clima facilitam observações astronômicas no Ceará

Da curiosidade sobre a infinitude de pontos estrelados do céu se tem uma nova perspectiva sobre o nosso lugar da Terra onde, em solo cearense, astrônomos, estudantes e curiosos acompanham eventos celestes. Essa prática é facilitada no Estado pela proximidade com a Linha do Equador, onde há visibilidade mais completa do céu, a baixa nebulosidade e a menor densidade habitacional em municípios do interior, com pouca poluição luminosa. Como resultado da dedicação à astronomia, o Ceará tem destaque em olimpíadas internacionais e produção de pesquisas da área.

O foguete chinês Marcha Longa 5, lançado em missão espacial para coleta de rochas do solo lunar, despertou atenção dos cearenses ao ficar visível no céu durante o início da noite do dia 23 de novembro. Neste mês, entre os dias 13 e 15 de dezembro, a chuva de meteoros Geminídeas deve colorir o espaço, além da conjunção entre Júpiter e Saturno - evento que não ocorre com essas proporções desde a Idade Média -, no dia 21, que pode encerrar os fenômenos astronômicos observados no Ceará em 2020.

"Quem está no Rio Grande do Sul não consegue ver as constelações do Hemisfério no Norte, mas aqui no Ceará a gente consegue ver todas as constelações", destaca o astrônomo amador cearense, Lauriston Trindade, membro da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon).

Algumas localidades, como ressalta, possuem características ainda mais adequadas às visualizações. "Tem regiões com o céu bastante escuro como Canindé, Santa Quitéria, região de Parambu e Campos Sales, que são muito escuras e muito boas para observação. Esses fatores ajudam muito que a gente tenha uma boa visibilidade", completa.

A Seara da Ciência, da Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Planetário Rubens de Azevedo, ambos em Fortaleza, despontam com estruturas adequadas para as atividades dos interessados por observação astronômica.

Além de conferir o aparecimento de asteroides, cometas e eventos raros, os participantes estudam física, matemática e recebem formações técnicas para manuseio dos equipamentos. "As observações são muito mais um atrativo. Por meio da imagem a gente conquista mais facilmente do que por meio de fórmulas. Funcionam como uma isca, de forma lúdica e mais suave", destaca Lauriston Trindade sobre as reuniões feitas em grupos como em praças no período anterior à pandemia.

O astrônomo dedica tempo ao estudo da astronomia há cerca de 25 anos, tendo publicado pesquisas sobre meteoros e apresentado trabalhos em congressos internacionais. Interesse despertado pela notoriedade do cometa Halley, em 1986, que marcou a sua infância. "Em uma das idas à uma antiga loja de Fortaleza, a Mesbla, em vez de um Atari 2600 eu pedi à minha mãe que comprasse uma luneta que, a partir daquele momento, era minha amiga para ir para todo o lugar. Colocava debaixo do braço e ia para todo canto para observar, era um tempo que não existia internet, então procurava em enciclopédias, bibliotecas públicas quando iam ter novos fenômenos como eclipses".

Com informações do Diário do Nordeste.