Há três meses para o fim do ano de 2020, as vacinas BCG (64%), Pentavalente (78,75%) e da Poliomielite (84,13%), proteção contra doenças como tuberculose, meningite e paralisia infantil, ainda não alcançaram a meta entre os bebês cearenses. Os dados são da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), com parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde, que deve chegar a 255.594 crianças no Estado até o fim de dezembro. Controle dos pais, indispensável mesmo em meio à pandemia, evita quadros delicados.
Logo ao nascer, a dose única da vacina BCG protege contra formas graves de tuberculose, mas foi aplicada apenas em 64% dos bebês cearenses entre janeiro e setembro deste ano. Em 2019, essa imunização ficou em 85,59%, abaixo da meta de 90%, sendo a 1ª vez que o Estado não alcançou a cobertura acima de 100% do público-alvo nos últimos seis anos.
Isso pode estar relacionado com a logística para aplicação da vacina, como observa a coordenadora de imunização da Sesa, Carmem Osterno. “Hoje muitas maternidades ainda têm vacinação, mas outras não, e isso é um dos problemas: é você não ter mais a vacinação ao nascer. O segundo ponto é que nem todo município tem maternidade. Às vezes, a criança nasce em um município vizinho. Se essa criança nascer sábado ou domingo, ela não é vacinada”, acrescenta. Nesse caso, é feito agendamento da vacina nos postos, mas alguns pais não comparecem à unidade com os filhos.
Além disso, os profissionais de saúde precisam estabelecer estratégia para evitar o desperdício das imunizações. Quando se abre um frasco da BCG com 20 doses, como explica Carmem Osterno, a imunização só dura seis horas. “O frasco multidose da vacina tem esse tempo muito curto após aberto, faz com que a criança tenha que ser agendada para se vacinar em outro dia”, destaca. Ela pontua que, em 1988, a cobertura vacinal contra as formas graves de tuberculose era de até 30%, mas com a imunização ainda na maternidade esse índice teve aumento relevante.
Frequência certa
Também é desafio fazer com que as mães e os pais levem as crianças para receber todas as doses necessárias para garantir a imunização, como é o caso da Pentavalente, para proteção contra tétano, difteria, hepatite B, coqueluche e a bactéria Haemophilus influenza tipo B, que pode causar meningite e outros tipos de infecções. São necessárias três doses da vacina, uma aos dois, outra aos quatro meses e a última com seis meses do nascimento do bebê.
Os bons números da vacina Pentavalente caíram quase 10 pontos percentuais entre 2014, quando alcançou 98,92% da meta, e 2019, ao contemplar 79,46% das crianças monitoradas. Neste ano, a imunização está em 78,75%, quase o valor total do último ano, mas abaixo da meta de 95% de aplicações. Os repasses da imunização pelo Ministério da Saúde não seguiram o planejamento devido à reprovação do teste de qualidade feito no último ano.
Com isso, estima a coordenadora de imunização da Sesa, foram cinco meses sem receber doses da vacina Pentavalente no Ceará – situação regularizada desde janeiro. “Estamos tentando fazer com que todas essas crianças, que não completaram ainda um ano de idade, se vacinem o mais rápido possível para ficar ainda dentro do cálculo de um ano”, reforça Carmem Osterno. No entanto, esse esforço deve se refletir apenas no próximo ano porque “as crianças que estão sendo vacinadas neste ano estão fora da idade do cálculo de cobertura, que é de menores de um ano. Entram em doses aplicadas, mas não para a cobertura vacinal”, pondera.
No caso da imunização contra a pólio, para evitar paralisia infantil, são necessárias três doses da Poliomielite Inativada (VIP), aos dois, quatro e seis meses de nascimento. Depois, a vacina Poliomielite Oral (VOP) precisa ser aplicada aos 15 meses e aos quatro anos de idade. A meta de 95% não foi atingida no Ceará, também pela 1ª vez nos últimos seis anos, em 2019, quando o total foi de 92,64%. Até o fim de setembro deste ano, 84,13% do público recebeu a imunização.
Em Fortaleza, crianças de um ano a menores de cinco anos também foram alvo da campanha do Dia D contra a poliomielite, além do sarampo, com a mobilização de 114 postos de saúde e 30 pontos de comércios e escolas, no último sábado (17). As vacinas contra a pólio, na Capital, atingiram 87% da meta até setembro deste ano, conforme a Secretaria da Saúde do Município (SMS).
Cuidado inadiável
Carmem Osterno analisa que é necessário retomar a busca ativa por meio dos agentes de saúde em visitas para avaliar os cartões de vacinação das crianças. “É o enfermeiro sair da unidade de saúde e ir fazer vacinação nas áreas, essa vacinação casa a casa. Saindo dos muros da unidade para ir ao encontro da comunidade, principalmente nesse momento de pandemia”, reforça.
Sob o receio geral de contaminação pelo novo coronavírus, a fisioterapeuta Gabriela Lima Verde, de 31 anos, lançou estratégias para cumprir à risca o calendário de vacinação do pequeno Davi Gabriel, de seis meses. Assim, as visitas às unidades de saúde acontecem em horário de menor movimentação em que se observa os cuidados necessários entre os profissionais nos atendimentos. “Eu, desde o primeiro dia de vida, dou as vacinas mensais bem direitinho, mas algumas vacinas não têm no posto e eu pago particular”, pondera.
Ela se refere à vacina contra meningite B em que duas doses foram aplicadas em uma clínica privada. “Procuro dar as vacinas dele em dia, justamente pelo que o pediatra me explica, para o bem do neném. Vou mais pela saúde dele mesmo, para prevenir”, destaca Gabriela. Neste sentido,Vanuza Chagas, médica pediatra e diretora de uma clínica de vacinação, destaca que a falta dos anticorpos pode levar a internações, complicações respiratórias e até morte em casos mais extremos. “A gente vê que esses números (infecções) vêm aumentando, com maior circulação no País, e, com essa queda vacinal, o risco dessas doenças voltarem com força total, como aconteceu com o sarampo, de levar a óbito”, reforça a especialista.
Quando se atrasa, ou mesmo se deixa de aplicar doses de reforço, não é necessário refazer o cronograma, como explica Vanuza Chagas. “Vacina dada fica guardada na memória imunológica, e em qualquer momento pode se aplicar a dose que está faltando, o mais rápido possível. Os calendários são feitos com base na idade adequada para a resposta imunológica melhor”, destaca a médica.
Outro ponto importante é a criação da chamada imunidade de rebanho, quando uma criança vacinada não se infecta e nem transmite a doença para outras pessoas, fazendo com que uma localidade fique livre de infecções. “A gente tem que ficar alerta para as fake news, movimentos anti vacinas, que ainda se propagam muito. A gente tem de dar segurança, no momento da vacinação, e divulgar fontes seguranças para prevenção de doenças”, conclui.
Com informações do Diário do Nordeste.
Logo ao nascer, a dose única da vacina BCG protege contra formas graves de tuberculose, mas foi aplicada apenas em 64% dos bebês cearenses entre janeiro e setembro deste ano. Em 2019, essa imunização ficou em 85,59%, abaixo da meta de 90%, sendo a 1ª vez que o Estado não alcançou a cobertura acima de 100% do público-alvo nos últimos seis anos.
Isso pode estar relacionado com a logística para aplicação da vacina, como observa a coordenadora de imunização da Sesa, Carmem Osterno. “Hoje muitas maternidades ainda têm vacinação, mas outras não, e isso é um dos problemas: é você não ter mais a vacinação ao nascer. O segundo ponto é que nem todo município tem maternidade. Às vezes, a criança nasce em um município vizinho. Se essa criança nascer sábado ou domingo, ela não é vacinada”, acrescenta. Nesse caso, é feito agendamento da vacina nos postos, mas alguns pais não comparecem à unidade com os filhos.
Além disso, os profissionais de saúde precisam estabelecer estratégia para evitar o desperdício das imunizações. Quando se abre um frasco da BCG com 20 doses, como explica Carmem Osterno, a imunização só dura seis horas. “O frasco multidose da vacina tem esse tempo muito curto após aberto, faz com que a criança tenha que ser agendada para se vacinar em outro dia”, destaca. Ela pontua que, em 1988, a cobertura vacinal contra as formas graves de tuberculose era de até 30%, mas com a imunização ainda na maternidade esse índice teve aumento relevante.
Frequência certa
Também é desafio fazer com que as mães e os pais levem as crianças para receber todas as doses necessárias para garantir a imunização, como é o caso da Pentavalente, para proteção contra tétano, difteria, hepatite B, coqueluche e a bactéria Haemophilus influenza tipo B, que pode causar meningite e outros tipos de infecções. São necessárias três doses da vacina, uma aos dois, outra aos quatro meses e a última com seis meses do nascimento do bebê.
Os bons números da vacina Pentavalente caíram quase 10 pontos percentuais entre 2014, quando alcançou 98,92% da meta, e 2019, ao contemplar 79,46% das crianças monitoradas. Neste ano, a imunização está em 78,75%, quase o valor total do último ano, mas abaixo da meta de 95% de aplicações. Os repasses da imunização pelo Ministério da Saúde não seguiram o planejamento devido à reprovação do teste de qualidade feito no último ano.
Com isso, estima a coordenadora de imunização da Sesa, foram cinco meses sem receber doses da vacina Pentavalente no Ceará – situação regularizada desde janeiro. “Estamos tentando fazer com que todas essas crianças, que não completaram ainda um ano de idade, se vacinem o mais rápido possível para ficar ainda dentro do cálculo de um ano”, reforça Carmem Osterno. No entanto, esse esforço deve se refletir apenas no próximo ano porque “as crianças que estão sendo vacinadas neste ano estão fora da idade do cálculo de cobertura, que é de menores de um ano. Entram em doses aplicadas, mas não para a cobertura vacinal”, pondera.
No caso da imunização contra a pólio, para evitar paralisia infantil, são necessárias três doses da Poliomielite Inativada (VIP), aos dois, quatro e seis meses de nascimento. Depois, a vacina Poliomielite Oral (VOP) precisa ser aplicada aos 15 meses e aos quatro anos de idade. A meta de 95% não foi atingida no Ceará, também pela 1ª vez nos últimos seis anos, em 2019, quando o total foi de 92,64%. Até o fim de setembro deste ano, 84,13% do público recebeu a imunização.
Em Fortaleza, crianças de um ano a menores de cinco anos também foram alvo da campanha do Dia D contra a poliomielite, além do sarampo, com a mobilização de 114 postos de saúde e 30 pontos de comércios e escolas, no último sábado (17). As vacinas contra a pólio, na Capital, atingiram 87% da meta até setembro deste ano, conforme a Secretaria da Saúde do Município (SMS).
Cuidado inadiável
Carmem Osterno analisa que é necessário retomar a busca ativa por meio dos agentes de saúde em visitas para avaliar os cartões de vacinação das crianças. “É o enfermeiro sair da unidade de saúde e ir fazer vacinação nas áreas, essa vacinação casa a casa. Saindo dos muros da unidade para ir ao encontro da comunidade, principalmente nesse momento de pandemia”, reforça.
Sob o receio geral de contaminação pelo novo coronavírus, a fisioterapeuta Gabriela Lima Verde, de 31 anos, lançou estratégias para cumprir à risca o calendário de vacinação do pequeno Davi Gabriel, de seis meses. Assim, as visitas às unidades de saúde acontecem em horário de menor movimentação em que se observa os cuidados necessários entre os profissionais nos atendimentos. “Eu, desde o primeiro dia de vida, dou as vacinas mensais bem direitinho, mas algumas vacinas não têm no posto e eu pago particular”, pondera.
Ela se refere à vacina contra meningite B em que duas doses foram aplicadas em uma clínica privada. “Procuro dar as vacinas dele em dia, justamente pelo que o pediatra me explica, para o bem do neném. Vou mais pela saúde dele mesmo, para prevenir”, destaca Gabriela. Neste sentido,Vanuza Chagas, médica pediatra e diretora de uma clínica de vacinação, destaca que a falta dos anticorpos pode levar a internações, complicações respiratórias e até morte em casos mais extremos. “A gente vê que esses números (infecções) vêm aumentando, com maior circulação no País, e, com essa queda vacinal, o risco dessas doenças voltarem com força total, como aconteceu com o sarampo, de levar a óbito”, reforça a especialista.
Quando se atrasa, ou mesmo se deixa de aplicar doses de reforço, não é necessário refazer o cronograma, como explica Vanuza Chagas. “Vacina dada fica guardada na memória imunológica, e em qualquer momento pode se aplicar a dose que está faltando, o mais rápido possível. Os calendários são feitos com base na idade adequada para a resposta imunológica melhor”, destaca a médica.
Outro ponto importante é a criação da chamada imunidade de rebanho, quando uma criança vacinada não se infecta e nem transmite a doença para outras pessoas, fazendo com que uma localidade fique livre de infecções. “A gente tem que ficar alerta para as fake news, movimentos anti vacinas, que ainda se propagam muito. A gente tem de dar segurança, no momento da vacinação, e divulgar fontes seguranças para prevenção de doenças”, conclui.
Com informações do Diário do Nordeste.